11 Dec 2025
Pedro Marques*
Opinião Política
Habitação: quando a Câmara promete muito e faz pouco
A crise da habitação em Oliveira de Azeméis agrava-se a cada ano, mas a atuação da Câmara Municipal continua marcada por atrasos, promessas incumpridas e uma incapacidade evidente de responder às necessidades reais das famílias. Entre anúncios de investimentos milionários e a realidade de rendas incomportáveis, cresce a sensação de que o executivo municipal está a falhar no essencial.
A Câmara apresentou uma Estratégia Local de Habitação com números ambiciosos e milhões anunciados para reabilitar imóveis e construir novos fogos sociais. No papel, tudo parece bem pensado. Na prática, quase nada saiu do sítio. Os prazos derrapam, as obras não arrancam, e as famílias continuam à espera de respostas que nunca chegam.
Entretanto, no mercado de arrendamento, um T2 por 650 euros ou um T3 perto dos 1.000 euros tornou-se “normal”. Jovens trabalhadores relatam a impossibilidade de viver sozinhos, e famílias com filhos enfrentam escolhas dramáticas entre pagar renda ou assegurar outras despesas essenciais. A situação é agravada por uma contradição gritante: dezenas de imóveis vazios ou devolutos continuam intactos, enquanto tantas pessoas procuram desesperadamente uma casa.
Apesar disso, a autarquia tarda em usar os instrumentos legais de que dispõe — como a mobilização de imóveis devolutos, incentivos à reabilitação com contrapartidas sociais ou programas municipais de arrendamento acessível. Em vez de agir, limita-se a regulamentos formais e apoios simbólicos que pouco aliviam quem vive no limiar da precariedade habitacional.
O impacto desta inércia sente-se no quotidiano: jovens a abandonarem o concelho por falta de alternativas, famílias empurradas para habitações indignas, e um centro urbano que continua a perder vitalidade. É difícil justificar que um município com esta dimensão e recursos não consiga, ao longo de anos, implementar políticas verdadeiramente transformadoras.
Num tempo em que a habitação é o maior desafio social da década, Oliveira de Azeméis precisa de liderança firme, visão estratégica e coragem política. Não de mais promessas. Não de mais papéis. O concelho merece uma Câmara que coloque as pessoas primeiro — e que transforme planos em casas, e casas em vidas dignas.
*Presidente PSD Oliveira de Azeméis