Contraditório
Opinião
Concordo que os políticos, governo, presidente da república e autoridades de saúde tinham de ser muito prudentes procurando mitigar os efeitos de uma escalada descontrolada de propagação da pandemia Covid-19.
Mas, quem ainda se lembra da epopeia propagandística do famigerado milagre português? Mas qual milagre, escrevi eu em maio passado nesta coluna?
Foram declarados estados de emergência, contingência, calamidade, etc. Fizeram-se cercas comunitárias e, alguém, um dia haverá de explicar porquê?...
Por lá, o governo de Inglaterra decretou quarentena obrigatória para as entradas no país. Injusto, dissemos nós. O mesmo governo, a meio de agosto, suspendeu. Resultado, voltaram os aviões low cost, em força, a atravessar o douro e a aterrar no Porto. Hoje, no dia em que escrevo, estão turistas ingleses a abarrotar o aeroporto de Faro, a maior parte interrompendo férias, em virtude do seu governo ter reposto aquela quarentena a partir de 15 de setembro. É hilariante!
Por cá, foi desconfinamento em estado total. Quem “andou por aí” neste verão, verificou que só houve “mão pesada” para as festas religiosas. As praias foram frequentadas “sem lei” por “montanhas” de gente, houve festivais autorizados (sabem do que estou a falar), os restaurantes voltaram a ter autorização para lotação máxima, há desportos à porta fechada e outros desportos à porta aberta (sabem do que estou a falar). Não questiono a necessidade de medidas severas que as nossas autoridades de saúde e políticas têm de regular. O que questiono é para umas coisas haver um quadro intransponível de restrições e para outras coisas valer a libertinagem. O que está pior é dualidade de critérios. Hoje de uma maneira, amanhã o seu oposto.
Tanto por cá, como por lá, isto chama-se pura política de gestão tacticista.
António Pinto Moreira, presidente da Comissão Política Concelhia do CDS-PP
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