7 Oct 2024
Filipa Santos *
A mobilidade sustentável é fundamental para a construção de cidades mais saudáveis e eficientes. Reduzir a dependência de veículos movidos a combustíveis fósseis, priorizando o transporte público, bicicletas e meios elétricos, não apenas diminui a poluição do ar, mas também melhora a qualidade de vida nas áreas urbanas.
A ideia de uma Câmara Municipal oferecer bicicletas às escolas e aos funcionários municipais parece boa inicialmente. Mas quando olhamos com mais cuidado, percebemos que essa iniciativa tem um grande problema: em quase dois anos de mandato, essa mesma Câmara Municipal não construiu nem um metro de ciclovia. Ou seja, distribuem bicicletas, mas não garantem um espaço seguro para elas circularem. Sem ciclovias, essas bicicletas provavelmente vão acabar guardadas ou usadas de forma limitada. Afinal, quem se arriscará a pedalar no meio do trânsito ou nos passeios da cidade como os vemos? A segurança que deveria ser prioridade, parece que ficou em segundo plano.
Enquanto outras cidades pelo mundo, como Amsterdão ou Copenhaga, só conseguiram fazer as pessoas adotarem a bicicleta como meio de transporte investindo em ciclovias, aqui parece que esse passo foi ignorado. Sem uma infraestrutura mínima, o incentivo ao uso da bicicleta vira algo quase simbólico, sem impacto real na vida das pessoas.
Além disso, isto demonstra uma falta de visão estratégica da Câmara. Mobilidade sustentável não se resolve só com bicicletas distribuídas. É preciso um plano completo, que inclua a segurança de quem as usará. De que adianta dar bicicletas se não há um lugar seguro para as usar?
Afinal, esta ideia de distribuir bicicletas sem construir ciclovias, soa como vazia. Para que a mobilidade sustentável realmente aconteça, não bastam boas intenções. É necessário um investimento sério em infraestruturas e segurança. Sem isso, parece que o interesse em promover o uso da bicicleta é só para a foto, e não para melhorar verdadeiramente o quotidiano da cidade.
* Presidente da JSD de Oliveira de Azeméis