Cumprir Abril: é votar!

Helena Terra Opinião

> Helena Terra

Comemoraram-se cinquenta e um anos sobre o 25 de abril de 1974 e esta é uma data para comemorar sempre, afinal foram dias foram anos a esperar por um só dia. Abril abriu as portas das prisões que encarceravam gente a quem era imputado um crime de opinião. Uma opinião diferente da veiculada pelo regime. Um regime que se dizia de União Nacional. Mas que apesar da imposição de uma cartilha não unia a maioria e não era nacional, porque apesar de ter expandido o “império” obrigou muitos dos nacionais a viver no exílio. 
Pôs fim a um estado que de novo só tinha o nome. Um estado que não se envergonhava de transformar jovens em carne para canhão, de ter um povo pobre, sem escolaridade, sobrevivendo à escassez, à clausura e à crueldade de uma guerra que nunca foi compreendida, nem explicada, porque um povo ignorante era mais facilmente controlável e era mais fácil de amordaçar.
As mulheres, seres inferiores até então, ocupavam-se da casa, do marido que era o chefe de família e dos filhos, uns ao colo ou na barra da saia e outro na barriga. As que tinham acesso a “mais coisas” aprendiam culinária e lavores femininos… Direitos, não tinham e ansiavam por algumas concessões, do marido, do pai ou do irmão mais velho, consoante a sua condição.
Um ano depois, a 25 de abril de 1976, realizaram-se as primeiras eleições livres. Estas com cadernos eleitorais organizados por comissões de recenseamento, dos quais não desapareciam nomes, como era habitual acontecer. Foi um enorme exercício de liberdade e de cidadania que teve a adesão de 91% dos portugueses e portuguesas. Em todas as assembleias eleitorais se formaram filas ordeiras de gente que estava cedente de fazer as suas próprias escolhas. De determinar o futuro não o deixando à sorte do acaso ou na mão de quem por si decidisse. 
O 25 de Abril deu-nos a possibilidade de sermos nós a conduzir o nosso futuro e se ele não correspondeu às nossas expectativas foi por força das nossas escolhas, da nossa pouca exigência e, a partir de determinada altura, fruto do nosso conformismo que se foi, paulatinamente, transformando em alheamento. Quem se alheia deixa de ter noção e consciência de si próprio. O resultado disto tem sido o aumento sucessivo da abstenção nos sucessivos atos eleitorais. Nas últimas eleições de cariz nacional a abstenção cifrou-se em cerca de 40% dos portugueses com capacidade eleitoral. Uma enormidade. Quer isto dizer que, cerca de metade dos portugueses vive alheado e não faz escolhas que determinarão o seu dia-a-dia? Quer isto dizer que, cerca de metade dos portugueses não tem noção, nem consciência de si próprio?
A 18 de maio deste ano, dentro de poucos dias, haverá eleições legislativas e é sabido que vivemos, em Portugal, na Europa e no Mundo, momentos de incerteza e indefinição que podem alterar o “mapa geopolítico” como o conhecemos hoje. Portugal faz parte desta mesma equação e não passará incólume ao que vier a acontecer. Não podemos desresponsabilizarmo-nos da construção do mundo em que temos de viver e, por isso, temos de escolher aqueles que nos hão de representar e governar o nosso país.
Deixamos a responsabilidade do nosso futuro e do futuro dos nossos filhos e dos nossos netos, na mão de metade dos portugueses?
- Impossível. Exerçamos a nossa liberdade e preservemos a democracia dando passos em frente, que nos livrem do regresso ao passado.


Helena Terra, Advogada

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