20 Sep 2022
Armindo Nunes *
Na última edição do CORREIO DE AZEMÉIS, um dos temas em destaque é a DESAGREGAÇÃO DAS UNIÕES DE FREGUESIAS.
Vivi este processo desde o início, como cidadão e como autarca.
Vivi no exercício do mandato de Presidente de Junta a experiência da agregação, e isso foi-me dando um conhecimento consistente da realidade. De uma forma geral, nunca vi méritos na chamada Reorganização Administrativa que está na origem na extinção de freguesias e na sua agregação, antes pelo contrário. E isso mesmo deixei claro, quer na Assembleia, quer nos debates em que intervim sobre o tema.
A Assembleia Municipal, como sabemos, deliberou pela não pronúncia, num processo em que houve manifesto défice de reflexão, de debate sereno, de auscultação das populações.
Mas não interessa agora discutir o passado, nem o tempo e circunstâncias que estão na origem da Reforma, interessa sim pensar, debater e tomar decisões para o futuro.
Surgiu a oportunidade de corrigir pelo menos em parte as decisões então tomadas. Importa começar pelo princípio, sem ideias feitas, ouvir as populações, dar dimensão à discussão, esclarecer o que verdadeiramente está em causa.
E aos poderes públicos não se pede que assumam o que só aos cidadãos envolvidos cabe decidir, pede-se sim que tenham uma atitude proactiva, de abrir caminho para o debate, de apoio nas formalidades, de fermento para o exercício da cidadania, de acompanhamento das iniciativas.
Para que as decisões possam ser tomadas por cidadãos informados, que pensam pela sua cabeça, sem seguidismos dos interesses político-partidários de cada momento, aproveitando o capital de experiência adquirida para reflectir com serenidade e visão de futuro.
Os nossos filhos, os nossos netos, não compreenderiam um dia que a freguesia que era a sua deixou de ter personalidade própria, foi agregada a outras, apenas e só porque alguém um dia entendeu que isso traria benefícios económicos de aquisição de escala e economia financeira, benefícios que estão por provar e que serão sempre benefícios menores, face à essência da Junta de Freguesia, que reside no seu património profundo da história, da cultura, da identidade, do bairrismo, da mística, da alma do povo e da coesão das populações em torno da sua freguesia.
Este debate é realmente importante, em todas as freguesias agregadas, aproveitando esta oportunidade de ajustamento da Reforma Administrativa, ouvindo as populações.
* Ex-presidente da União de Freguesias de Pinheiro da Bemposta, Travanca e Palmaz