Dino - 1922-2022 Ano Centenário do Atlético Clube de Cucujães

1922-2022 - Centenário do Atlético Clube de Cucujães

Por CARLOS CORREIA

Na década de cinquenta do século passado as condições de trabalho do Cucujães, como da generalidades dos clubes com a sua dimensão, eram muito deficientes, o clube não tinha escalões de formação (a primeira equipa júnior surge na época 1958/59), o campo eram de dimensões reduzidas, a relva era algo que estava ao alcance apenas dos grandes clubes do país e o corpo técnico, por regra, não tinha a preparação que hoje é disponibilizada, impedindo que os jogadores não aprimorassem todas as suas potencialidades, não lapidassem todo o seu talento.
Apesar das dificuldades existentes, há um jogador do Cucujães que na década de cinquenta do século passado se destaca pela sua qualidade técnica: Dino.
Bernardino Pinto de Oliveira, conhecido por Dino ou Dino do “Chefe”, era um jogador rápido, talvez por isso tivesse iniciado a sua carreira de futebolista na posição de extremo esquerdo, tendo mais tarde passado a ocupar a posição de médio esquerdo e médio centro.
Sendo um jogador rápido e forte fisicamente, o Dino tinha, acima de tudo, uma qualidade técnica que fazia dele um jogador de destaque. Tinha uma excelente visão de jogo e uma qualidade de passe só ao alcance de jogadores tecnicamente evoluídos. 
Dadas as qualidades futebolísticas do Dino, rapidamente a União Desportiva Oliveirense mostrou interesse na sua contratação, prometendo-lhe realizar o seu sonho de ser mecânico, para isso chegando a negociar com a gerência da  Garagem Justino, em Oliveira Azeméis, a sua aprendizagem da arte de mecânico, assumindo o clube o salário que auferia como sapateiro, pois que enquanto aprendiz não iria auferir qualquer valor.
A ida do Dino para a Oliveirense acabou por não se concretizar porque um grupo de cucujanenses se reuniu e pediu ao Sr. Zeferino Oliveira, proprietário da Garagem Auto Cucujanense, para que aquele aí aprendesse tal arte, o que de  imediato foi aceite. Enquanto o Dino faz a sua aprendizagem de mecânico na garagem do senhor Zeferino, o mesmo grupo de cucujanenses garante-lhe o salário que auferia como sapateiro, o que acontece por um curto período de tempo, uma vez que o Dino rapidamente passa de aprendiz a profissional.
Durante o cumprimento do serviço militar em Espinho, o Dino venceu o campeonato nacional militar em representação da Região Militar Norte. Como prémio, o responsável da equipa levou-o a treinar ao F. C. Porto, que logo manifestou interesse na sua contratação, o que só não veio a acontecer porque o Dino não mais apareceu aos treinos.
O Cucujães acabou por ser o único clube que o Dino representou em toda a sua carreira e fê-lo de forma exemplar até aos 32 anos de idade, vindo a ser justamente homenageado pelo clube em 3 de Junho de 1962.
Bernardino Pinto de Oliveira nasceu em Cucujães a 4 de Janeiro de 1930 e aí faleceu a 24 de Novembro de 2015.

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