7 Mar 2022
Márcia Oliveira Gomes *
No passado dia 24 de fevereiro deste ano, todos assistimos àquilo que muitos nunca pensaram ser possível em pleno século XXI! A Rússia decidiu, unilateralmente, e em clara violação do direito internacional lançar uma ofensiva militar à Ucrânia, alegando fundamentos que só Vladimir Putin e os seus seguidores acreditam e fantasiam.
Todos ficamos completamente paralisados e sensibilizados com as imagens que nos chegam todos os dias através dos meios de comunicação social. Assistimos ao impensável, mulheres e filhos a deixarem os maridos e pais para trás, rumo ao desconhecido, cinzas e lágrimas, mas também patriotismo, resistência, amor e solidariedade, tudo isto ao vivo e a cores e, em simultâneo… O que mais me preocupa, são, sem dúvida, as consequências de tais atos bárbaros, na perspetiva dos direitos humanos. A Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, assinalou que desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, mais de dois milhões de ucranianos tiveram que deixar as suas casas. Metade destas pessoas estão deslocadas na Ucrânia e mais de um milhão deixou o país e buscou refúgio noutras nações. Hoje, sabemos que o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados estima que podemos chegar aos quatro milhões de refugiados se esta guerra continuar. É um verdadeiro atentado aos direitos humanos, à soberania de um povo, à democracia e a todos os valores fulcrais que mantêm e conduzem à PAZ! A verdade é que, a violação dos direitos humanos continua a cavalgar de uma forma assustadora, Putin decidiu lançar mão da cartada nuclear, ao tomar o controlo da central nuclear de Zaporizhzhia. Ora, urge fazer alguma coisa, não é uma ameaça apenas à, e, para a Ucrânia mas a todos nós!!!
As opiniões relativamente à tomada de posição quer da NATO, quer da União Europeia, relativamente a esta guerra, dividem-se, mas, uma coisa é certa, tudo o que tem sido feito (muito ou pouco?!) não tem chegado para parar Putin. As sanções económicas, a criação de uma comissão internacional de inquérito sobre as possíveis violações dos direitos humanos na Ucrânia, os “ataques” ao património dos oligarcas russos, não tem chegado, sequer, para Putin ponderar negociar o que quer que seja!
É imperioso que todos nós, como cidadãos da Europa e do Mundo, paremos para pensar naquilo em que o Mundo se está a tornar, naquilo que os Homens de hoje buscam, naquilo que nos move a todos como seres humanos inseridos numa comunidade. É com muita tristeza que aos 32 anos assisto a tamanha barbárie, ao que nunca pensei assistir de tão perto, mas também, e, devo dizê-lo, é com alegria que vejo o nosso Povo de braços abertos para acolher esta gente que chega aqui com uma mão cheia de nada, com a vida e os sonhos destruídos, é com orgulho que vejo campanhas por todo o País de angariação de alimentos, produtos, medicamentos, para enviar para este Povo que está a cada dia que passa, a ver a sua vida reduzida a cinzas. Somos pequenos, é verdade, mas nas horas de escuridão tornamo-nos bem maiores que o nosso território! Estejamos atentos, acreditemos que o pouco que cada um de nós pode fazer é alguma coisa e, não deixemos de acreditar que o diálogo, o entendimento, a empatia pelo outro é o que nos mantém HUMANOS…
É o que conduz à PAZ!
*ADVOGADA