> Eduardo Costa
Ela quer aceitar uma oferta de emprego num país europeu. Ele quer continuar em Portugal. São jovens recém licenciados. O motivo dela é a recompensa financeira. Vê com naturalidade estar a algumas horas de distância. Os motivos dele são vários, desde os amigos até a prática de desporto amador. Ele é menos ambicioso. Também vê futuro em Portugal. Ou melhor, nas suas próprias palavras, não vê por essa Europa a tranquilidade que o nosso país parece ter. Uma das razões que mais justificam a sua decisão está nos movimentos anti-imigração que estão a crescer em vários e destacados países europeus. Este motivo também o tem levado a tentar contrariar a namorada. Tem receio que ela não seja bem recebida no país estrangeiro.
Ela tem uma visão mais larga. Acha que somos europeus e portanto temos os mesmos direitos em qualquer país da União Europeia. Não aceita menos. Afinal, é isso que nos ensinam e garantem. Com esta convicção, parece certo que o jovem casal de namorados vai viver em países diferentes.
A relação, essa vai ser posta à prova. Ela diz que uma vez por mês vem a Portugal. E ele tenciona viajar até ela uma vez por mês também. Assim, vão estar juntos dois fins de semana por mês. Vai dar certo? Não aposto.
Tempos novos. Ou talvez não. Afinal, somos um tradicional país de emigrantes. Milhões deixaram a família, as namoradas, para irem trabalhar em países estrangeiros e vinham uma vez por ano para ver a família. Quando vinham.
O que é novo é a atitude perante a relação. Vivemos na era das relações descartáveis.
Eduardo Costa, jornalista, presidente da Ass. Nacional da Imprensa Regional