Eleições para os órgãos internos dos partidos

É sábado dia 04 de maio de 2024. Foi dia de comissão política nacional do partido socialista que, tinha na ordem de trabalhos decidir as datas para realização de eleições para as estruturas concelhias e distritais do partido. Ficámos a saber que as eleições para as comissões políticas concelhias serão nos dias 05 ou 06 de julho próximo e as eleições para as distritais nos dias 27 ou 28 de setembro.
Os resultados das eleições legislativas de 10 de março, entre outras, deixaram a certeza de que, pelo menos os dois maiores partidos da democracia portuguesa, PS e PSD, precisam, urgentemente de se reformar, reorganizar, captar novos quadros políticos e voltar a inscrever o exercício da atividade política no rol das atividades dignas e nobres da nossa vida comunitária.
As soluções encontradas nos últimos anos, mormente por estes dois partidos mostraram que estão esgotadas e, de uma coisa todos temos a certeza, aplicando hoje as mesmas receitas do passado, é difícil, senão impossível, que possamos obter resultados diferentes.
Vou, por motivos que facilmente compreenderão e me perdoarão, deter-me a analisar aquela que é a situação político partidária do PS no concelho de Oliveira de Azeméis e, noutra circunstância, no distrito de Aveiro.
Alguns dirão que, no concelho de Oliveira de Azeméis, equipa que ganha não se muda. Desenganem-se todos os que pensam assim. Vejamos: o PS é poder autárquico maioritário em Oliveira de Azeméis. Pondo de parte a análise dos motivos que conduziram à eleição do PS como poder autárquico em 2017, nesta eleição o PS fica com 5 vereadores dos 9 no executivo municipal, sendo os restantes 4 eleitos pelo PSD. Nas eleições autárquicas seguintes, em 2021, o PS tem menos 364 votos que na eleição anterior e, apesar disso, elegeu o sexto vereador, passando o executivo municipal a ser composto por 6 vereadores eleitos pelo PS e 3 eleitos pelo PSD/CDSPP que concorreram coligados.
Da eleição de 2017 para a de 2021 há a destacar: a abstenção em 2021 foi superior à verificada em 2017. Em 2017 a terceira força mais votada foi o CDS/PP. Em 2021, concorrendo em coligação com o PSD, juntos, tiveram 1 467 votos a menos do que o PSD tinha tido, concorrendo sozinho, em 2017. Em 2021 a terceira força política mais votada foi o CHEGA. Na eleição de 2021 diminuiu o número de votos brancos e nulos comparativamente com a eleição anterior. E a votação no PCP/PEV e BE, somados juntos, aumentou em 2021 por comparação com 2017.
Quanto ao PS é a segunda vez que tem a “pecha” dos trezentos. Em 1993, ficou, sensivelmente a 300 votos de ganhar a Câmara, em 2021, tendo perdido cerca de 300 votos elegeu o sexto vereador… 
Ora, se é certo que, em 2021, já tínhamos percebido que os partidos sociais-democratas ou do centro estavam a perder votos e as franjas de estrema, de esquerda ou de direita, estavam a crescer, temos de nos preparar para uma realidade em que a curva deste gráfico vai continuar na ascendente, porque o dia 10 de março deste ano deixou esse indício.
O PS de Oliveira de Azeméis, neste momento são os órgãos autárquicos, por muito que isso nos possa custar. Daqui a um ano há um combate eleitoral autárquico muito mais duro para travar e, provavelmente, antes do final do ano novas eleições legislativas. O PS precisa de ter a dirigir os seus destinos alguém com um perfil combativo, conhecido e reconhecido no terreno pela sua história feita em Oliveira de Azeméis. Sendo certo que, também, a alternância na liderança partidária, o aconselha.

 * Advogada