Enfermeiras recordam um dos anos mais difíceis
Concelho
No Dia Internacional do Enfermeiro, a Azeméis FM/TV juntou Daniela Coelho, Daniela Rocha, de Fajões, e Mafalda Costa, de Cesar, numa mesa de conversa online em que o tema central foi a Covid-19 e os desafios a ela associados.
Diana Cohen
Foi um ano intenso, de mudanças e adaptação, mas também muito gratificante e em que, apesar de ter sido afastado o contacto físico, houve uma maior aproximação ao doente. Daniela Coelho, do Serviço de Ortopedia do Hospital S. Sebastião, concluiu que ficaram mais próximos dos doentes, “apesar da restrição do contacto físico, o que nunca tinha acontecido”. A pandemia apanhou todos de surpresa e os doentes, principalmente os mais velhos, “sentiam-se desnorteados, não sabiam o que estava a acontecer”. Sem visitas, “choravam e diziam que estavam a ser abandonados”. “Nós tentávamos colmatar com tablets e videochamadas, mas muitos não têm a perceção do que isso é”, descreveu Daniela Coelho.
O papel dos enfermeiros, sempre com uma palavra de conforto, é essencial e tornou-se mais evidente desde o início da pandemia, concordaram as três convidadas. “Dentro de um covidário, equipados com fato, máscara e viseira, parecíamos autênticos astronautas, mas conseguíamos, mesmo assim, dar essa acompanhamento a essas pessoas que se sentiam tão sós naquele momento”, completou Mafalda Costa, que trabalha no Serviço de Urgência de Oliveira de Azeméis e na ambulância de Suporte Imediato de Vida (SIV) do INEM sediada neste hospital. “Mesmo sem nos verem o rosto, conseguiam sentir esse apoio”, admitiu. E essa postura, considera, permitiu que a população entendesse que “a enfermagem é uma arte e é um pilar do Serviço Nacional de Saúde, conseguiu perceber que fazemos a diferença”.
Daniela Rocha, enfermeira no Serviço de Medicina no Hospital S. Miguel, não cuidou de doentes com Covid-19, mas nem por isso foram menores os sentimentos de “angústia, tristeza ou frustração”. A pior fase, recordou, foi nos meses de outubro e novembro, quando houve um surto no seu serviço. “Tivemos um grande número de profissionais que testaram positivo. A maior parte dos colegas testaram positivo sem terem sintomas e foi uma angústia grande, porque tivemos de reajustar as equipas, pensar nos doentes que precisavam de cuidados, pensar nas famílias, tivemos de nos separar dos maridos, filhos”, exemplificou. “Foi um ano exigente em muitos aspetos”, resumiu. Mas nem tudo foi mau: “A pandemia fez com que as pessoas percebessem que o enfermeiro tem um papel importante no meio hospitalar e no dia a dia”, sublinhou.
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