9 Jan 2025
> Vitor Januário
Embora as escolhas de muitos eleitores não resultem recorrentemente da leitura dos programas dos partidos, acabando por se fixar nos discursos políticos proferidos para caírem bem em quem os ouve ou para reduzirem a ideias simplistas e manipuladoras, que revelam, aos mais atentos, preconceitos que repudiam ou aceitam, os eleitos devem empenhar-se na defesa dos interesses legitimamente manifestados pelas populações, exceto se expressarem clara oposição aos seus propósitos que abertamente sejam debatidos num leal confronto democrático. Embora isto seja relevante para escolhas nacionais, mostra-se com mais proximidade nas opções autárquicas. De facto, por exemplo, não se é obrigado a ter em programa a melhoria das condições materiais dos trabalhadores, mas quando estes exigem esmagadoramente a revogação da caducidade da contratação coletiva e a reposição do princípio do tratamento mais favorável a si mesmos, não parece haver dúvidas de que não atender à sua reclamação é mostrar uma posição política de favorecimento de patrões que detêm a maior parte da riqueza. De igual modo, se os habitantes de uma freguesia se mobilizam para que seja reposta a sua autonomia, como sucedeu com Pindelo, devem os autarcas empenhar-se com todos os recursos que possam disponibilizar de influência institucional e até manifestação pública, exceto se declaradamente assumirem estar contra esse anseio.
No nosso concelho, apesar do esforço feito por pindelenses e da subscrição de assinaturas promovida pelo PCP, junto dos fregueses, de novembro de 2021 a junho de 2022; de as ter associado ao trabalho realizado por alguns residentes de levantamento de condições existentes na freguesia; de ter defendido em Assembleia de Freguesia, no dia 29 de junho de 2022 (emitida pela AzeméisTV), a necessidade de os autarcas não se limitarem à verificação do cumprimento dos requisitos, apelando a que se empenhassem na defesa da vontade do povo, e de ter constatado, nessa sessão, o entusiasmo manifestado pelos que nela participaram, entre hesitações de alguns eleitos, verificamos agora que o que o PCP previa parece estar a acontecer. O processo é tratado como sendo de caráter administrativo e burocrático, em vez de ser encarado como um desígnio político para o qual o povo fez o apelo devido e só se exigia fundamentação cuidada.
Afinal, onde estão os políticos eleitos para a defesa dos anseios das populações? Haverá necessidade de abaixo-assinado para os obrigar a esse esforço?
Vítor Januário, Representante da CDU