3 Jun 2024
Para a União Europeia aspirar a um projeto de paz e desenvolvimento, exige-se que não contribua para o prosseguimento de conflitos com posicionamentos de trincheira nem mostre indiferença que destapa o cinismo de não querer assumir papel mediador ou dissuasor sobre quem faz a guerra com consequências para os povos da Europa representada, parecendo, por vezes, aguardar que lhe digam o que fazer. De facto, enquanto não houver vozes suficientes no Parlamento Europeu capazes de se opor à lógica belicista de opção pela aceitação e fomento de participação ofensiva nuns conflitos e silêncio destruidor noutros, em vez da promoção de diplomacia empenhada, de que são exemplos, respetivamente, os acontecimentos na Ucrânia e na Palestina, não se conseguirá gerar progresso, arriscando-nos ao retrocesso de campanhas de mobilização de jovens, nossos filhos, a serem empurrados para frentes de batalhas que se podiam conter ou até resolver. Sim, esse é um futuro que parece ser instigado, mas que deve ser travado. É tempo de pensar nos povos, evitando a escalada de tensões com a substituição de remessas de material bélico, que só prolongarão e aumentarão sofrimentos, por soluções políticas imediatas.
Há, de facto, uma orientação que não parece considerar emergente (além, por vezes, do discurso) a resposta a crises humanitárias, preferindo o cálculo em vez da dignificação da vida humana. Na verdade, a única guerra necessária é a que devemos travar contra a xenofobia, o racismo e a acumulação de capital à custa da exploração. A União Europeia precisa de repelir o discurso de ódio, a vulgarização do horror ao que vem de fora. No entanto, aprova normas para as migrações com conceções utilitárias das pessoas, decidindo por elas e podendo haver preço por cada uma, enquanto a direita extrema, explorando uma ideia de susto, procura colar o imigrante ao perigo de crime de faca no bolso, propagandeando sentimentos de rejeição e culpabilização.
O que verdadeiramente deve interessar à União Europeia é a cooperação para o desenvolvimento de regiões deprimidas, em vez de apoio, ou conivência, a ingerências e tentativas de exportação de modelos forçados que acabam por ser causa de fenómenos migratórios. O que verdadeiramente deve interessar à UE é a assunção de um papel construtor de paz emergente. O que efetivamente deve interessar à UE é o respeito pela política económica de desenvolvimento da capacidade produtiva de cada estado que permita a valorização de rendimentos resultantes do trabalho e consequente melhoria dos serviços assumidos pelas opções de cada país.
A CDU defende a melhoria das condições de vida dos povos e o respeito pela sua soberania.
Vitor Januário, CDU Oliveira de Azeméis