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Correio de Azeméis

9 Sep 2024

Fajoenses no {rush} mineiro de Arouca

Opinião Albino Pinho

> Albino Pinho

Era eu ainda criança, e aos serões em redor da lareira, sobretudo em noites de invernia, ao som do trepidar do fogo, ouvir histórias sob almas penadas, lobisomes, mas sobretudo das minas de volfrâmio de Arouca, estas bem reais e contadas na primeira pessoa. 
Fascinado com semelhante odisseia, já adulto, comecei a visitar com alguma frequência os locais descritos, com algum pormenor, pelos meus pais e avó, para melhor entender as vivências deles naqueles conturbados tempos. Para complemento de informação sobre o assuntos comprei dois livros sobre as ditas minas de autores arouquenses, que relatam, com testemunhos e documentos os pormenores do que foi aquele período de 1939 a 1944. A corrida ao Eldorado arouquês atraíu gente de todas as latitudes, filhos de toda a mãe, e  todas camadas sociais, mesmo de além fronteiras. De março de 1887, ao fecho das minas em 1958 chegou a haver no concelho de Arouca, que foi revirado um pouco por todo o lado, aprox. 88 minas oficiais. Mesmo o nosso padre da época, mais 6 {ilustres} da terra, também foram para o rush do ouro negro, e em 26 de abril de 1941 registaram a concessão de uma jazida de volfrâmio em Escariz, que pelos vistos não foi rentável. Com o volfo a chegar aos 500esc. o kg, uma pequena fortuna para a época, ainda mais se acentuou o louco frenezim de poucas regras, higiene e quase nenhuma segurança, qual faroeste, onde cada um procurava a fortuna que as pobres leiras da terra não lhe davam. Barracas de madeira improvisadas, onde se vendia um pouco de tudo, mesmo sexo, cresciam como cogumelos um pouco por todo o lado, assim como tendas precárias pelas encostas da serra, á mercê dos lobos, para abrigar por vezes famílias inteiras. Mortes várias houve por acidente de trabalho e doenças profissionais {silicose}. No dia 13.03.1942, na mesma derrocada dois jovens homens casados de Fajões. Em setembro 1943, por desmoronamento, três jovens da vizinha Carregosa, um de 16 anos, mais duas jovens de 18. Em contraste á miserável condição de vida dos mineiros, uns legais  {trabalhavam para as companhias Alemã ou Inglesa}, outros chamados {pilhas} escavando aqui e além, por sua conta e risco, e os traficantes e ladrões de minério, que com uma grande sertã, azeite e petróleo transformavam { milagrosamente} pirites em volfrâmio. Como recordação positiva restou a camaradagem e alguma solidariedade entre os mais desafortunados, e nos poucos tempos livres bastava um simples instrumento musical para se formar um baile em qualquer lado, e mesmo esse nem sempre acabava bem devido ao alcool.  Acabada a quimera, cada um regressou á sua terra, a maioria mais pobre, como os locais do rush que nada ganhou, outros doentes ou de luto. No início do mês de junho fiz mais uma visita aos dois principais locais de exploração, Rio de Frades {Alemão}  e Regoufe {Inglês) que apesar de andarem em guerra parece que se entedendiam muito bem, como aliás tão bem retrata  a série A FEBRE DO OURO NEGRO da RTP, ano 2000. Fiquei chocado de ver estes dois sitíos cheios de história e sofrimento em total ruína e abandono, sem que alguém de direito ponha cobro. Como seria bom recuperar esses locais para o turismo para fixar alguma população local que ainda existe nessas remotas serranias.
Albino Pinho, Leitor, de Fajões, do Correio de Azeméis
(A escolha do título (Fajoenses) é da escolha dete nosso leitor)

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