Faleceu o 'nosso' André, uma glória da Oliveirense

O falecimento de André Tavares, no passado domingo, deixou a comunidade oliveirense consternada com a partida desta velha glória do futebol da Oliveirense. Pelas redes sociais, multiplicaram-se as mensagens de dor e de condolências à família de André Tavares, que passava por alguns problemas de saúde. 

André Tavares começou a jogar futebol, oficialmente pela Oliveirense, quando tinha 16 anos. Decorria a época 1953/54. “Foi o professor João Carlos quem me chamou para os juniors. Ele era o coordenador técnico do futebol dos jovens”, revelou André Tavares no livro ‘André’, publicado em janeiro de 2020 e da autoria de Carlos Cunha, e que relata vários testemunhos da vida do próprio. Pelos juniores, onde jogou duas épocas, André Tavares foi campeão distrital de Aveiro numa temporada “sem derrotas”. Em 1955/56 subiu aos seniores e era o mais novo da equipa treinada por Rui Araújo. A maioria dos elementos do plantel unionista trabalhava no calçado, no vidro ou no comércio. André Tavares, nesta altura, trabalhava no acabamento e verificação do calçado. “Quando passei aos seniores davam cem escudos por vitória. Muitas vezes só pagavam parte dos prémios ou adiavam para o final da época. Mas a falta de dinheiro no clube era tanta que depois fazíamos um desconto para conseguir receber algum”, contou André Tavares no mesmo livro.

19 anos a vestir a camisola da Oliveirense

André Tavares foi jogador do futebol da Oliveirense e uma das suas maiores alegrias, como relatou no livro com o seu nome, foi ter feito parte da equipa campeã da III Divisão Nacional no ano de 1957/1958. Depois do empate (1-1) no jogo de apuramento de campeão frente ao Sacavenense, a Oliveirense disputou a finalíssima, em Leiria, e venceu por 1-0 com o golo da vitória a ser apontado por André Tavares na marcação de um livre direto. “Quando chegámos a Oliveira, já era quase meia-noite, havia muito povo à nossa espera e até uma banda de música. Fomos levados em ombros pelos adeptos pelas ruas do centro da vila”, pode ler-se, em discurso direto, no livro ‘André’.

André Tavares vestiu a camisola unionista durante 19 épocas (duas nos juniores e 17 nos seniores) e já em final de carreira, aceitou o convite para ingressar na equipa do Cesarense. “O sr. Ângelo Azevedo continuava a insistir comigo para eu ir jogar para o Cesarense. Ele estava sempre a pressionar a Direção da UDO para me libertarem. Até que ele comprometeu-se a instalar a iluminação no Carlos Osório como contrapartida da minha ida para o Cesarense”, refere o livro ‘André’. No cesarense, onde chegou na época 1972/73, André Tavares foi jogador, capitão e treinador e nessa época levou o emblema de Cesar ao título de campeão da II Divisão Regional de Aveiro. No Cesarense fez duas épocas e colocou um ponto final na sua carreira de jogador de futebol.

Na Oliveirense orientou as escolinhas de futebol para crianças e camadas jovens. Foi dirigente da Oliveirense na área do futebol e, desde a fundação dos veteranos no clube de Oliveira de Azeméis, foi sempre uma presença constante nas atividades e iniciativas deste escalão.

Sócio de mérito da AFA

André Tavares foi distinguido como sócio de mérito pela Associação de Futebol de Aveiro. Foi homenageado pela Oliveirense em novembro de 1966 num jogo frente à Sanjoanense. A festa de despedida, que esteve prevista, deu lugar a uma festa de homenagem num jogo diante do Sporting de Espinho no dia 8 de dezembro de 1971. André Tavares foi jogador de futebol federado durante 21 anos e disputou perto de 600 jogos.