13 Nov 2025
O tema dos problemas nos transportes escolares esteve em discussão na reunião de Câmara
Transporte Escolar: Há alunos que gastam duas horas e meia num percurso de 7 quilómetros para a chegar à escola
A articulação deficiente entre várias linhas de transporte escolar e a 1218, que liga o centro de Oliveira de Azeméis à Escola Secundária Ferreira de Castro, está a provocar atrasos significativos e perdas de aulas entre os estudantes. Há o caso de uma aluna de Adães que demora 2 horas e meia a chegar à escola: é uma viagem de pouco mais de 7 quilómetros.
A articulação entre linhas de transporte escolar e a linha 1218, que assegura a ligação entre o centro de Oliveira de Azeméis e a Escola Secundária Ferreira de Castro, está longe de funcionar, deixando vários alunos a perder as primeiras aulas da manhã. A situação gerou críticas na reunião da Câmara Municipal, onde o vereador do Chega, Manuel Almeida, alertou para falhas constantes nos horários e para a falta de correspondência entre autocarros que convergem na zona da Escola Soares Basto, ponto onde muitos estudantes têm de mudar de linha para seguir para a Ferreira de Castro.
O vereador sublinhou que a 1218 é essencial para garantir o acesso à escola, mas que nos horários atuais há linhas que chegam ao centro depois da partida dessa ligação, impedindo os alunos de seguir viagem. Alertou para as consequências traduzem-se em atrasos frequentes e perda de aulas, situação que considera “inaceitável” e que exige uma revisão urgente da operação.
Aluna de Adães demora duas horas e meia a fazer viagem de 7 quilómetros
Embora o tema tenha sido abordado politicamente na reunião, o problema tem impactos ainda mais profundos do que foi relatado. Num email enviado por uma encarregada de educação à Câmara Municipal, ao qual o Correio de Azeméis teve acesso, a mãe descreve que a filha, residente em Adães, apanha diariamente a linha 1217 às 08h04. Contudo, este autocarro chega à Escola Soares Basto por volta das 08h12, dois minutos depois da partida da linha 1218, que sai às 08h10. Sem conseguir fazer a ligação, a aluna é obrigada a esperar pela 1218 seguinte, apenas às 10h25, chegando à Escola Secundária Ferreira de Castro às 10h30 e perdendo mais de duas horas de aulas.
No email, a mãe questiona a falta de alternativas e a responsabilidade pelos prejuízos educativos causados, sublinhando que a filha – assim como muitos outros alunos - depende exclusivamente do transporte público e que esta situação é recorrente desde o início do ano letivo.
Por outro lado, há relatos de alunos forçados a mudar da Ferreira de Castro para outros estabelecimentos de ensino, por falta de respostas para solucionar este problema.
Autarquia reúne com a UNIR a 19 de novembro
Perante as críticas levantadas na reunião de Câmara, o presidente Joaquim Jorge reconheceu a existência de falhas na operação, mas rejeitou qualquer acusação de negligência.
O autarca explicou que os horários não são definidos pela autarquia, mas pela empresa concessionária dos transportes, responsável pela nova rede.
Segundo afirmou, o modelo implementado não teve por base a rede antiga, que funcionava de forma consolidada, e a autarquia chegou mesmo a tentar adiar o arranque da operação – em 1 de dezembro de 2023 -, antecipando problemas. Joaquim Jorge garantiu que a Câmara tem pressionado a UNIR para corrigir as falhas e anunciou que no dia 19 decorrerá uma reunião com a administração da empresa para exigir soluções definitivas, especialmente nas linhas que servem os estudantes.
Pedro Marques, da AD (PSD-CDS), acrescentaria que “não é verdade que tudo dependa da UNIR”. O vereador enfatizou que “estamos perante um problema de supressão de carreiras, horários que não são cumpridos, viaturas obsoletas. É uma situação afeta diariamente as pessoas”.
“Temos mesmo que olhar para isto e falar com o presidente da UNIR. Estamos na cauda da Área Metropolitana, e parece que somos o parente pobre nesta matéria”, finalizou.