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Correio de Azeméis

17 Jan 2024

Glória e infortúnio dos CTT

Destaques António Magalhães

Prof. António Magalhães

A estação dos CTT da nossa vila foi inaugurada festivamente no dia 29 de Novembro de 1959. Já lá vão 64 anos. Um domingo, festa rija com a presença do Eng. Carlos Ribeiro, da Casa do Calvário, no Pinheiro da Bemposta, que exercia então as funções de Correio-Mor e cuja influência foi decisiva para a construção do novo imóvel. O Correio-Mor situava-se como a entidade máxima dos CTT. A designação vinha do tempo de D. Manuel I. Após 25 de Abril o título de Correio-Mor foi abolido e com ele lançados para o lixo mais de quatro séculos de história.
Os nossos correios abandonaram, então, o velho edifício na esquina da Rua Bento Carqueja com a Rua dos Bombeiros Voluntários, secular residência paroquial surripiada em 1910 ao Abade Serafim Sá Couto, que teve de acolher-se em modesta habitação na zona onde hoje se estabelece a Casa Mota. 
A construção da actual estação dos CTT deve-se à Câmara presidida pelo Dr. Ernesto Soares dos Reis, embora a inauguração tivesse já acontecido no consulado do Dr. Artur Barbosa, que tomara posse escasso meio ano antes. Manda a verdade destacar a acção do vereador Amândio Lucas: a oferta, por parte do Município, da parcela de terreno necessária, aparecia como condição imposta pelos CTT para acelerar a construção; mas como as dificuldades financeiras da Câmara impossibilitavam a satisfação da exigência, Amândio Lucas lançou a ideia de uma subscrição pública, que viria a dar os melhores frutos, calcorreando ele próprio a vila e o concelho na recolha de fundos. Foi decisivo o seu esforço.
Tempos difíceis. O dinheiro era escasso. Mas será de recordar que no curto espaço de seis anos – de 1959 a 1965 – inauguraram-se a estação dos CTT, a então Escola Industrial e Comercial, ainda o Palácio da Justiça, cabendo à Câmara a aquisição dos terrenos. 

Entretanto, os CTT deixaram de ser nossos, isto é, não são uma instituição pública. A esmagadora maioria dos portugueses, e nela me incluo, não saberá de quem são os correios. Mas todos sentimos como se degradou a qualidade dos serviços prestados. 
Ainda há poucos dias, tempo de procurar as pensões de velhice e outras, as filas estendiam-se, sacrificando a vida dos funcionários… em número reduzido, porque assim o determina a política de redução de custos. 
Um cliente mais apressado, dispondo de transporte, dirigiu-se à chamada Estação da Boavista, na Zona Industrial. O sintético aviso afixado na portaria informava que o serviço estava encerrado, não indicando por quanto tempo. Mas não houve o cuidado de informar a população, usando, elementarmente, o jornal e a rádio.  
Entretanto, na fachada dos nossos CTT, curiosamente voltada para quem sobe a Rua do Eng. Carlos Ribeiro, podemos apreciar a degradação total da caixilharia das janelas.
É o que resta. É o que temos. 


(Escrito de acordo com a anterior ortografia)

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