23 Sep 2024
> Helena Terra
Por cá, a última semana, foi marcada pela pior das notícias. O fogo que irrompeu em Palmaz, Macinhata da Seixa e Ossela. Na fronteira sul do nosso concelho, Albergaria a velha ardeu de forma Dantesca. O céu tornou-se cinzento em permanência numa ambiência espessa de cinzas e fumo denso.
Os bombeiros tiveram uma tarefa difícil e de desgaste até à exaustão. Homens e mulheres estiveram no terreno, alguns três e quatro dias de forma ininterrupta. De entre eles, havia casais, pais de filhos pequenos que ousaram, de forma corajosa e destemida, arriscar tudo em defesa do próximo. O inimigo de todos eles era o maior e mais perigoso dos ladrões que podemos ter por perto, o fogo. Foram várias as centenas de homens e mulheres no terreno. A ajuda internacional fez chegar parelhas de aviões Canadair para intervir no território, vindos de Espanha, Grécia, Itália e França. Muitas são as ocasiões em que alguns dos cidadãos questionam as vantagens de Portugal se manter como membro da União Europeia. Nestas alturas é fácil perceber as vantagens de pertencermos a um espaço geopolítico de união e solidariedade.
Bens materiais e algumas habitações foram atingidas. Quatro soldados da paz saíram feridos do espaço de fogo, sendo que uma delas, uma menina de 23 anos, inspira especiais cuidados, mas luta galhardamente pela sobrevivência e recuperação. Os bombeiros, em situações como a que vivemos, com o maior adversário do seu combate ao fogo sempre presente, o vento, podem de forma traiçoeira tombar, mas nuca cair. Para eles se direcionam as preocupações de todos nós.
Nesta, como noutras situações de tragédia, nem tudo é mau. Foi, digo-o sem vacilar, extramente agradável e comovente ver como toda a nossa comunidade se uniu percebendo e deixando claro que todos estamos convocados para este combate e que todos somos necessários. Uns no terreno de fogo com os seus tratores com cisternas que despejaram água sobre o fogo, quer para o apagar, quer para fazer cercos de humidade para que ele não progredisse. Outros com todas as mangueiras que encontraram, baldes, alguidares… Tudo o que servisse para combater “a besta” era bem-vindo e esteve lá.
Pessoas identificadas e anónimas, com grandes e com mais pequenas quantidades de viveres acorreram aos pontos de recolha deixando ficar bens da mais diversa natureza para que os bombeiros pudessem ter, em tempo, mas sem tempo de intervalo, packs de sobrevivência para poder continuar. Bens alimentares específicos, água, alimentos energizantes sólidos e líquidos, fruta… E também medicamentos, daqueles que em situações como a que vivemos, são sempre necessários. Uma palavra de gratidão e apresso pela generosidade de todos estes(as), e foram muitos(as) que chegaram até ao quartel dos bombeiros, ao pavilhão municipal e a outros pontos de recolha que, espontaneamente foram surgindo.
Os oliveirenses estiveram unidos no combate ao inimigo comum. Uns na frente de fogo, outros na logística, outros na retaguarda. Todos responderam ao chamamento que só a solidariedade é capaz de impelir.
Para todos estes a minha vénia de reconhecimento e gratidão. Especialmente para os nossos bombeiros(as), vai o respeito que apenas se tem pelos grandes heróis. Com ou sem medalha, heróis sempre. OBRIGADA!
Helena Terra, Advogado