Ligação ferroviária direta ao Porto: O que pensam os jovens?

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“O transporte ferroviário à capital da Área Metropolitana do Porto devia ser encarado como uma alternativa ao desgastante transporte rodoviário”

O Correio de Azeméis continua a ouvir a população oliveirense quanto à importância de uma ligação ferroviária direta ao Porto. Esta semana ouvimos a opinião da Mafalda Morgado, presidente da Associação de Estudantes da Escola Secundária Ferrira de Castro, e André Soares, presidente da Associação de Estudantes da Escola Secundária Soares Basto. Os dois presidentes revelaram a importância que uma ligação ferroviária direta ao Porto significaria para a abertura da possibilidade de um maior número de alunos frequentar o ensino superior.

“Uma ligação ferroviária ao Porto favoreceria toda a população a vários níveis”.
“Uma ligação ferroviária ao Porto favoreceria toda a população a vários níveis. Para os alunos, a ligação direta ao Porto é sem dúvida uma mais valia, visto que o Porto constitui um dos maiores pontos de acesso ao ensino superior do nosso país. Desta forma, as condições de viajem, desde a duração ao conforto, tornar-se-iam  totalmente diferentes das habituais.  No que toca ao ensino superior, por vezes não temos noção do esforço financeiro que muitas famílias têm que realizar para que os seus filhos possam prosseguir estudos na área que pretendem, sendo o alojamento uma grande agravante desta situação. Por isso mesmo existem muitos alunos, por mais brilhantes que sejam, que são obrigados a abandonar os estudos devido às dificuldades financeiras das suas famílias.  Uma solução para este problema seria poupar no alojamento, mas atualmente é extremamente complicado para um jovem oliveirense, que seja aluno universitário no Porto, regressar a casa todos os dias, visto que por dia teria de efetuar cerca de 4h de viagem (2h para cada lado), tendo ainda que efetuar um transbordo em Espinho, o que é realmente incómodo, tendo em conta as condições climatéricas e até mesmo a conciliação dos horários de uma linha com a outra.  Assim sendo, é esgotante para um jovem ter que realizar tantas horas de viajem por dia, ter que efetuar um transbordo a meio dessas horas de viagem e ainda ter que conciliar isso tudo aos estudos intensivos que a universidade acarreta.  E além de desgastante, é revoltante. Porque jovens oliveirenses veem todos os dias, jovens de concelhos vizinhos, como Estarreja e Ovar terem a sua vida muito mais facilitada, não só no acesso à universidade, mas também aos espaços de lazer e cultura. A verdade é que o Porto está repleto de espaços culturais e diversão, o que é extremamente atrativo e enriquecedor para qualquer indivíduo.  Mas a realidade é que muitas pessoas não têm veículo pessoal, e o seu único método de deslocação são os transportes públicos. Ora, para estas pessoas efetuar a ligação direta ao Porto, complementada com uma reestruturação dos horários dos comboios de forma a alargar o período de circulação dos mesmos, permitir-lhes-ia mais facilidade no acesso à cultura, que é uma mais valia para todos.  E têm sido feitos tantos esforços a nível financeiro para tornar a cultura um bem de todos, que não devia agora ser dificultado o seu acesso devido a questões de transporte, questões essas que têm solução. Visto se tratar de um assunto de grande interesse para grande parte dos jovens da nossa região, a procura de informação acerca da atuação do quadro político é consequentemente maior. O que nos leva a recorrer aos meios de comunicação locais, visto que nacionalmente ainda não é um assunto muito abordado”. 
MAFALDA MORGADO, Presidente da Associação de Estudantes da Escola Secundária Ferreira de Castro

“Ligação direta seria capaz de ajudar muitas famílias”
“Acredito firmemente que tal ligação seria extre-mamente benéfica não só para os casos de alunos que estudam na região do Porto, mas também para os casos dos professores que trabalham nessa região. Quer uns quer outros deixariam de ter de arcar com as responsabilidades de ter um transporte próprio que em alguns casos acaba por ser um peso enorme tanto financeiramente como psicologicamente.  Para além de evitar a necessidade alojamento que por vezes ultrapassa por 10 vezes a quantia de 40 euros gasta no passe para os transportes entre as regiões, em que muitas das mesmas a população é envelhecida, haver a possibilidade de os jovens assegurarem o seu futuro através dos estudos sem terem o peso na consciência de “abandonarem” os pais iria ser, na minha opinião, extremamente valorizado pelas famílias, que por muitas vezes são obrigadas a optar entre as duas situações mencionadas previamente, ou investem no futuro dos filhos à custa da sua própria saúde ou os filhos sentem-se obrigados a privarem-se da oportunidade de prosseguir os estudos em prol da saúde dos pais. Esta ligação seria capaz de ajudar muitas famílias e possivelmente aumentar o nível de educação na Área Metropolitana do Porto .  Muitos jovens ocupam os seus tempos livres à procura de experiências novas ou até mesmo a viajar, através desta ligação seria possível não só os jovens terem acesso a diferentes aspetos da cultura portuguesa ou até mesmo a cultura estrangeira devido ao acesso facilitado à região do Porto, onde podemos encontrar um aeroporto, como também seria possível por exemplo para as Associações de Estudantes organizarem eventos de maior escala promovendo e comparando a interligação dos alunos de diversas áreas do nosso país.  Pessoalmente ouço falar na possibilidade da renovação e expansão da linha do Vouga há alguns anos, confesso que cada vez mais ao longo do tempo tenho vindo a perder a esperança na realização desse projeto e por isso não tenho vindo a acompanhar assiduamente este processo. No entanto, mesmo havendo a possibilidade de eu próprio não vir a usufruir tanto deste projeto, já ocorreram diversas situações em que se me fosse possível usar esta ligação através da Linha do Vouga, a teria usado e poupado bastante tempo e dinheiro”
ANDRÉ SOARES,  Presidente da Associação de Estudantes da Escola Secundária Soares Basto

 

Ligação ferroviária direta ao porto
A ‘aventura’ para chegar ao Porto

> Apanhar autocarro para trabalhar no porto
“Seria importante pensar numa solução a longo prazo e que fosse de encontro aos interesses da população

Sílvia Valente,  começou a trabalhar no Porto em outubro de 2021. Natural de Oliveira de Azeméis procurou perceber qual a oferta a nível de transportes públicos existentes.  “Explorei várias formas, no entanto as que existiam eram caras e fora de mão, como por exemplo apanhar o comboio em Estarreja”.  Apanhar o autocarro em Oliveira de Azeméis “nunca foi opção” e todos os dias desloca-se até São João da Madeira, onde apanha o autocarro para o Porto. 
“Sempre apanhei o autocarro em São João da Madeira. Opto por ir até lá porque se saísse de Oliveira para chegar a tempo, teria que apanhar o autocarro as 6h30, o que significa que teria de acordar às 5h30, e ainda fazer o transbordo em SJM. Ou se apanhasse o autocarro direto para o Porto, não conseguiria estar as 9h no trabalho”. 
Quanto a uma solução, Sílvia não tem dúvidas. “Seria importante pensar numa solução a longo prazo e que fosse de encontro aos interesses da população, ou seja, ter um meio de transporte direto à cidade do Porto acessível a todos e com horários pensados para quem estuda e trabalha”.  Quanto ao regresso, desde o Porto, Sílvia confessa “que nunca foi uma opção estar a trocar de autocarro em São João da Madeira  para vir para Oliveira de Azeméis”.

> E quem quer vir para cá?
“É evidente  a limitação existente do ponto de vista da rede de transportes”

Filipa Sousa mudou-se recentemente para Oliveira de Azeméis. É do Porto, mas encontrou um emprego na cidade. Na falta de transportes públicos que assegurassem a ida e volta diárias, optou por ficar a morar em Oliveira de Azeméis.
“Ficar alojada em Oliveira de Azeméis sempre fez parte da minha perspetiva, pelo facto da distância entre a minha residência e o local de trabalho ser elevada. É evidente que a limitação existente do ponto de vista da rede de transportes (coletivo, ferroviário) foi um fator de grande impacto nesta perspetiva. Provavelmente caso existisse uma rede de transportes adequada entre Oliveira de Azemeis e o Porto e que permitisse conjugar os horários de trabalho e as deslocações que necessito realizar, poderia fazer uma opção diferente.  Na minha opinião, desde que existisse maior regularidade nas ligações dos transportes todos os dias e com o espaçamento adequado de acordo com os horários laborais a escolha de transporte era indiferente”.

 

 

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