23 Sep 2024
Destaques Macinhata da Seixa Concelho
”Foram momentos de terror”
Lúcia Jacinto, moradora na Rua do Fontão, em Macinhata da Seixa, contou que viveu, na passada segunda-feira, dia 16, “momentos de terror”. Com o fogo a destruir por completo tudo em volta da sua casa, inclusive o jardim, foi esta machinhatense que prestou o primeiro auxílio aos quatros bombeiros oliveirenses que se queimaram com gravidade. “Eu nem sabia o que havia de fazer”, desabafou à Azeméis TV/FM.
“[Foram] momentos de terror, mas ao mesmo tempo acho que houve um milagre, um milagre muito grande, eu nunca pensei que as nossas casas não ardessem”, começou por descrever Lúcia Jacinto, à Azeméis TV/FM.
Nas suas palavras foi uma autêntica “bola de fogo” na direção das casas, era “fogo por todo o lado e muitas fagulhas a voar”, prosseguiu.
O socorro aos quatrobombeiros queimados
Percebendo a situação de calamidade que se estava a instalar, Lúcia recordou que ligou, de imediato, ao seu filho e marido para estes virem em auxílio. Nisto dirige-se até à garagem de casa e abre o portão para quando ambos chegassem pudessem colocar os carros, “porque se ficassem fora acabariam por arder.”
Voltou para a parte de cima da casa para perceber como estaria a situação quando começa a ouvir “muitos gritos e fui ver o que se passava”, foi aqui que se deparou com um cenário de “terror”, com os quatro bombeiros oliveirenses “completamente queimados, sobretudo a bombeira”, considerada em estado mais grave e que teve de ser transportada de emergência para o Hospital São João, no Porto. A garagem de Lúcia Jacinto foi possivelmente a salvação destes bombeiros, que teriam ficado completamente cercados pelo fogo se não tivessem encontrado aquele local de abrigo.
“[A bombeira] estava muito queimada, muito, muito, muito, a parte de trás dela, os braços e as pernas estavam muito queimadas”, prosseguiu a macinhatense, que suspirou ao recordar a situação.
Naquele primeiro momento “pediram-me benuron para aliviar as dores e água. Eu dei tudo o que tinha dentro daquilo que eles precisavam”, frisou Lúcia Jacinto, que confessa que até se esqueceu “completamente do incêndio para poder acudir aos bombeiros.”
Nisto chegou o subcomandante dos bombeiros e a restante equipa “que me agradeceu por tudo o que tentei fazer para socorrer e ajudar os seus colegas. Aproveitei para lhe perguntar como estava a situação, achava que a minha casa já tinha ardido, foi aí que ele me acalmou e disse que tudo o que era mato já estava ardido e o perigo já tinha passado”, respirou de alívio a moradora, mas por pouco tempo, isto porque até chegar o INEM e os médicos “para sedarem a bombeira, eu não sosseguei, ela estava sempre a gritar e em sofrimento”, disse com a voz embargada.
Com a chegada do socorro, a macinhatense descreveu a situação como um verdadeiro “hospital improvisado”, que montaram na garagem da sua casa.
“É de lamentar”
Francisco Jacinto, esposo de Lúcia e durante mais de 28 anos membro da Junta de Freguesia de Macinhata da Seixa, inclusive presidente da freguesia, lamentou o facto “de nenhuma autoridade ter passado aqui. Com esta situação [dos quatro bombeiros feridos] não houve ninguém, nem presidente da junta, nem presidente da câmara, nada que se dignasse a passar por aqui quando esta situação aconteceu”, disse.