25 Mar 2024
Eduardo Costa *
Um movimento de pais criou um abaixo-assinado para saber a opinião dos educadores sobre o uso dos manuais digitais ou o regresso aos tradicionais em papel, dos pais das escolas que aderiram ao projeto-piloto “manuais digitais”. 80 por cento dos que se pronunciaram até agora (cerca de duas mil assinaturas) são a favor do regresso ao papel. Os pais garantem que os filhos estão com maiores dificuldades de concentração e aprendizagem. Mas também se dizem preocupados com os perigos para a saúde dos filhos do uso das tecnologias digitais.
Uma das responsáveis pela iniciativa referiu que “não consigo dizer nada que corra bem neste projeto”, lamentou, apontando a dificuldade de concentração dos alunos no momento de estudar, referindo que o filho mais velho pode estar a trabalhar e ter ao mesmo tempo um jogo a correr. Através do movimento “Menos ecrãs, mais vida”, do abaixo-assinado e agora do inquérito, esta mãe percebeu que não estava sozinha nesta luta: “A grande maioria dos pais quer que o projeto acabe”, garantiu à Lusa.
Um exemplo a analisar vem da Suécia, país pioneiro a experimentar o sistema digital. Agora, dizem os especialistas que “há provas científicas claras de que as ferramentas digitais prejudicam, em vez de melhorarem, a aprendizagem dos alunos”. A afirmação categórica veio do Instituto Karolinska da Suécia, uma das maiores e mais respeitadas escolas de medicina da Europa e muito centrada na investigação. “Acreditamos que o foco deve voltar a ser a aquisição de conhecimentos através de livros impressos e da experiência dos professores, em vez de se adquirir conhecimentos principalmente a partir de fontes”.
* jornalista, presidente da Associação Nacional da Imprensa Regional