30 Oct 2024
Bebiana Ribeiro, Psicóloga na Divisão Municipal de Ação Social da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis, veio à Azeméis TV/FM falar sobre saúde mental.
No dia em que se assinalou o Dia Mundial da Saúde Mental, 10 de outubro, demos início a um videocast sobre saúde mental, com a Psicóloga na Divisão Municipal de Ação Social da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis, Bebiana Ribeiro.
Neste primeiro episódio, abordamos ambientes de trabalho como fator de proteção para a saúde mental, estigma sobre a saúde mental e de que forma as condições de trabalho podem influenciar a saúde mental dos trabalhadores.
A importância da saúde mental no local de trabalho. “O Dia Mundial da Saúde Mental, que este ano prioriza a saúde mental nos locais de trabalho, que é uma vertente da saúde mental que algumas, não raras vezes, fica um pouco descurada, mas que é essencial para que se criem ambientes promotores de saúde nos locais de trabalho (…) às vezes coloca-se a questão de os próprios donos das empresas e administradores não valorizarem a questão da saúde mental dos funcionários, porque realmente nas empresas o objetivo é o lucro da empresa e a produtividade. Mas nós temos que pensar nesta ótica: só existe realmente uma maior produtividade se todos trabalharem para o mesmo. Se eu tiver trabalhadores e se não cuidar da saúde mental deles, não estiver atento, corro o risco de a produtividade baixar (…) quase metade das faltas está associada a problemas de stress ocupacional.”
Estigma ainda existe. “Ainda existe algum estigma associado à saúde mental. Quando eu tenho uma dor ou quando tenho um problema de ordem física, as pessoas acorrem às urgências, aos serviços de saúde. Quando é a parte psicológica, ainda notamos que existe muito o receio em ser apontado como alguém que não é capaz de gerir as suas próprias emoções. Ainda há muito esta realidade. O SNS e a Ordem dos Psicólogos têm feito muito trabalho no sentido de desmistificar esta ideia.”
Situações que mais afetam a saúde mental. “Nós sabemos e os estudos assim o indicam que o trabalhar por turnos afeta a saúde mental dos trabalhadores. Um trabalho em que seja necessário um ritmo acelerado por parte do trabalhador, também pode afetar a sua saúde mental, pode criar algum stress, alguma ansiedade.”
Sugestões para as empresas. “Por exemplo, aumentar os prazos de entrega dos trabalhos, ter a possibilidade dos trabalhadores terem horários flexíveis. Os trabalhadores não têm que participar em todas as decisões das empresas, mas serem implicados em algumas decisões, no sentido de haver esta comunicação e de serem ouvidos para algumas decisões que lhes impliquem (…) os supervisores que estão mais próximos, devem ter uma melhor leitura do estado psicológico do trabalhador, estarem atentos a alguns sinais e darem abertura, para que os trabalhadores possam ir ter com eles e procurar ajuda, (…) porque a saúde mental deve ser um tema do qual se deve falar e do qual se deve trabalhar e não ser um tabu.”
Trabalhadores saudáveis aumenta hipótese de maior produtividade. “Nós se tivermos trabalhadores desmotivados e frustrados até sob stress, esses trabalhadores não estão ao serviço. Nós sabemos que estes trabalhadores que têm uma condição de algum problema de saúde psicológica, dão mais faltas por doença, colocam mais baixas, mais atestados por incapacidade, têm maior absentismo, mais faltas injustificadas, um maior presentismo. O presentismo é estar no meu posto de trabalho, mas não ser produtivo, não exercer a tarefa, só estar lá presente. Logicamente, cada empresa tem os seus objetivos, mas ao vermos o trabalhador nesta perspetiva de promoção da saúde, estamos aqui a aumentar também a hipótese de haver maior produtividade, porque estamos a contribuir para o bem-estar.”