MUDAR

O Grande Salto no Processo Terapêutico

No contexto terapêutico, mas também familiar, social e profissional é muito comum ouvirmos frases como “Eu quero mudar” ou “Estou mesmo disposto a fazer diferente”, e de facto a intenção de mudança costuma ser o primeiro passo quando queremos efetivar qualquer tipo de transformação. No entanto, muitas vezes, ela não se traduz nessa transformação.
Surge então a pergunta:
Querer mudar é suficiente?
A resposta é clara e é NÃO. A intenção de mudança pode trazer uma sensação de alívio imediato. O simples facto de reconhecer um problema e desejar superá-lo pode dar a impressão de progresso. Mas, sem ação consistente, essa intenção não passa de um pensamento, tal como tantos outros que tens. Sabias que nós seres humanos temos em média, entre 60.000 e 70.000 pensamentos por dia?!
A mudança efetiva exige mais do que intenção. Requer ação, persistência e, muitas vezes, desconforto. É preciso enfrentar resistências internas, crenças limitantes e padrões repetitivos. Muitos de nós passa anos seguidos na intenção, acreditando que o desejo de mudar já representa avanço. Mas, na prática, a diferença entre intenção e ação está na decisão de sair da zona de conforto e experimentar novas possibilidades, novos caminhos.
No consultório, vejo frequentemente este fenómeno. Pacientes chegam com muita consciência das suas dificuldades e problemáticas e com discursos cheios de vontade. No entanto, quando confrontados com a necessidade de implementar mudanças concretas – como estabelecer novos hábitos, enfrentar medos ou modificar relações tóxicas – a resistência aparece e instala-se. E é aqui que entra o papel fundamental da terapia: transformar a intenção em ação, e passar da vontade à prática.
A mudança real acontece quando há um compromisso genuíno com a ação. Pequenos passos diários, criam novas cadeias neuronais no cérebro e constroem diferentes formas de pensar e agir, e transformar a mudança numa escolha ativa e consciente que precisa ser reafirmada todos os dias.
Intenção sem ação é como um mapa sem a concretização da viagem. Ter clareza sobre o destino é essencial, mas a verdadeira transformação acontece quando decidimos dar o primeiro passo e continuamos a caminhada, um dia de cada vez. Num estado de consciência e presença que se cultiva diariamente. 
Passar de um “eu vou mudar(...)” para um “eu estou a mudar”. Sem pressa nem julgamento, ao teu ritmo, mas a MUDAR.  

Fanny Martins, Terapeuta