“Não chorem a minha morte, celebrem a minha vida”

Loureiro Concelho

Centro de Estudos Padre Bastos

No passado dia 07 de maio, em Loureiro, foi apresentado o livro de poesia “Flores Agrestes”, com poemas da adolescência do falecido padre Bastos. Esta foi uma das primeiras iniciativas deste grupo de trabalho do Centro de Estudos Padre Bastos, que pretende ter várias outras iniciativas até ao 90º aniversário do padre Bastos, caso fosse vivo. Neste sentido, Manuel Terra e Rui Luzes Cabral, vieram aos estúdios da Azeméis TV/FM, falar sobre o trabalho já desenvolvido e o que pretendem para o futuro.

Não deixar que a memória do Padre Bastos cai no esquecimento

“Quatro anos volvidos após a sua morte, sentimos que o padre Bastos estava, de certa forma, a cair no esquecimento. E isso estava-nos a preocupar porque o homem eclético que foi não podia cair no esquecimento, sabendo nós, de antemão, que ele tem uma obra vastíssima, resgatada da história local, tanto de Loureiro, como de Macinhata da Seixa e também de Ovar, onde fez lá um trabalho grandioso. Então resolvemos, eu e o Rui, fazer qualquer coisa para que o padre Bastos não fosse esquecido. Começámos os dois a fazer uma incursão no arquivo do padre Bastos, que é uma coisa vastíssima que lá está, encontramos várias coisas escritas pelo mesmo, inclusive um caderninho de poemas, de um menino, adolescente, com 12 anos, que possivelmente estaria num colégio dos Carvalhos ou já no seminário, e que escreve um livro de poemas delicioso, com 12 anos, 13 e 14, como ele diz no livro, os meus poemas dos 12, 13 e 14 anos. E pronto, dado que havia uma data, havia um início, havia um princípio, nós resolvemos começar por aí. (…).  

Manuel Terra, membro do Centro de Estudos Padre Bastos 

O objetivo do Centro de Estudos e primeiro trabalho publicado do livro de poesia “Flores Agreste”

“Nós começámos logo a pensar que tínhamos que fazer alguma coisa para preservar o património que o padre Bastos tinha, por isso é que fomos resgatá-lo. E, depois disso, tínhamos que dar a conhecer tudo aquilo que ele tinha, porque o padre Bastos, apesar de ter publicado muitas coisas em revistas, ter editado alguns livros, nunca editou praticamente nada da sua poesia e tinha muitos artigos escritos sobre vários aspetos da vida de Loureiro, de Ovar e Oliveira de Azeméis, que não foram publicados. E, portanto, este é um património que não está disponível às pessoas e que nós queremos que ele fique disponível.”

Rui Luzes Cabral, membro do Centro de Estudos Padre Bastos

O gosto pela fotografia de padre Bastos.

“O padre Bastos, desde muito novo, quando conseguiu a sua primeira máquina fotográfica, não parava de registar, tanto património, como gentes. Ele fazia questão, e, aliás, ele tinha uma vontade, que manifestou em vida a mim, onde conseguiu separar uma série de negativos, que já foram digitalizados, de fazer uma exposição fotográfica sobre as pessoas de Loureiro.”

Manuel Terra

“Eu até posso aqui contar uma coisa muito caricata. Já depois da morte do padre Bastos, o [Manuel] Terra partilhou comigo uma fotografia, eu a andar de motorizada. Isto é realmente engraçado, porque eu andei com aquela motorizada meia dúzia de vezes na vida. Ele estava em Ovar, e apanhou-me uma vez quando eu passei. Eu não fazia a mínima ideia que tinha sido fotografado, e agora vi aquela foto e fiquei impressionado. Como é que é possível? O Manuel Terra muitas vezes diz: ‘Se existe, o padre Bastos tem’.”

Rui Luzes Cabral
 

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