> Vitor Januário
Os propósitos dos partidos encontram-se, em princípio, no conjunto dos seus programas, dos seus discursos e das suas ações, que ou são coerentes ou acabam por revelar que nem sempre bate a “bota com a perdigota”. Nalguns casos, o comportamento desqualificante e ofensivo centrado até no ataque pessoal, mais do que político, ocorre fundamentalmente na intervenção nacional, mas contém-se em círculo local porque, inevitavelmente, a proximidade não admite o insulto e gera ampla censura social. Portanto, há quem aja com cinismo, ocultando, ora com o programa, ora com o discurso, ora com as ações, a substância ideológica, o pensamento em relação à sociedade e ao modo de se organizar. É caso para dizer que, se devido à sua hipocrisia, assumissem o poder, poderíamos ter de lutar contra a sombra da censura e da repressão (como tem sucedido em flagrantes exemplos internacionais), entre o classismo xenófobo a desprezar os menos influentes e os que menos recursos têm. Por outro lado e lamentavelmente, as políticas de tipo social-democrata têm colocado os cidadãos entre quem governa com variações mais ou menos liberais, mas sem permitirem perceber grandes diferenças. Isso tem criado a ideia difundida pela direita de que tudo tem sido à esquerda, como se fosse sequer de ligeira intenção socialista a governação que tem amarrado o país a interesses de empresários com expressão internacional e/ou monopolista bem como a banqueiros que servem com juros e taxas de ambição desmedida as necessidades das pessoas, criando-lhes outras para resolverem insuportáveis dívidas provocadas. Na verdade, os lucros dos beneficiados de décadas são os prejuízos dos explorados por salários baixos com a mesma duração.
Em alternativa, importa encontrar as propostas e as iniciativas que, em coerência com as ideias defendidas e escritas em programa, têm uma clara demonstração de transformação da vida de cada indivíduo. As oportunidades para isso são as que os partidos queiram criar ou aproveitar, tanto para medidas de ampla alteração da qualidade de vida nos rendimentos ou no acesso a serviços essenciais quanto noutras de menor impacto no investimento, mas de grande efeito para o quotidiano. Disto é exemplo o Projeto de Lei do PCP que visa criar um Programa de Remoção de Obstáculos e Armadilhas nas vias de circulação rodoviária, procurando ainda contribuir para reduzir a sinistralidade grave que ocorre, em quase 50% dos casos, em arruamentos, nomeadamente, entre outras causas, devido a condições dos pavimentos. Aliás, com este propósito, no nosso concelho, a denúncia pública do PCP relativamente ao prejuízo e perigo provocados por uma rotura recorrente na estrada junto à escola de Macieira de Sarnes acabou por obrigar à solução do problema. De igual modo, também a intervenção do PCP exigindo a reparação do piso e o asseio circundante na Rua Professora Emília Assunção Gomes Silva, em Cucujães, desencadeou a ação autárquica para tornar a via transitável em segurança. É, evidentemente, um esforço de participação persistente, que não depende de calendários eleitorais porque o pensamento, o programa, o discurso e a ação seguem o princípio de que quem luta convictamente não o faz por conveniências nem a fim de aparecer, mas sim com a intenção de melhorar a vida de cada pessoa, criando condições para as oportunidades que não privilegiem os já privilegiados. O PCP tem demonstrado isso, indiscutivelmente.
Vítor Januário, CDU