Não “sacudir a água do capote” (CDU)

Nem sempre são compreendidos os domínios de intervenção dos autarcas, sendo recorrentemente, aliás, argumento destes declarar que, apesar da sua vontade (talvez pessoal), nada podem fazer porque não é sua responsabilidade nem está na sua tutela a resolução de determinado problema. Para este modo de estar nos cargos políticos, seria útil reclamar que o melhor a fazer é mesmo considerar que tudo o que implica com o bem-estar de munícipes (que, necessariamente, também são cidadãos) está ao alcance da intervenção autárquica visto que para todas as áreas se precisa de vontade política e, já agora, iniciativa do mesmo tipo, ou seja, querer fazer e agir. É uma fórmula simples que resolve todas as dúvidas. No entanto, também é comum argumentar-se, como quem “sacode a água do capote” , que não se é culpado e que as dificuldades vêm de trás, isto é, são da responsabilidade de outros, logo não se pode prestar contas no presente na medida em que outros criaram os transtornos no passado. Na verdade, trata-se sobretudo de uma estratégia para se dizer que mais “vale tirar o cavalinho da chuva” porque também neste âmbito a falta de vontade política manda mais do que a necessidade de encontrar soluções para os problemas. Importa, contudo, acrescentar que nem todas as decisões ou aparentes inércias, isto é, preguiças resultam da disposição visto que é indispensável não esquecer que o pensamento político determina o que se quer ou não fazer. Deste modo, não se espera, por exemplo, que um liberal, neoliberal ou conservador se empenhe no confronto social para a melhoria da condição do trabalhador, nomeadamente pela negociação coletiva, diminuindo o poder económico e de influência de quem foi acumulando dividendos ou outras vantagens devido à sua ação individual destinada ao lucro. De modo contrário, espera-se de um socialista/ comunista que procure lutar pela equidade na criação de condições para que se alcance uma distribuição de riqueza mais justa. Isto obriga-nos, necessariamente, a ponderar as opções de voto, uma vez que determinarão sempre a nossa vida coletiva, sendo pouco importante o entusiasmo que se sente quando um político fala de forma afrontosa, aparentando coragem só porque não se lhe dá resposta para não alimentar o ultraje, tal como irrelevante deve ser o discurso de quem parece dominar o uso da calculadora, mas não considera a riqueza que o trabalho acrescenta e que merece valorização para a aumentar em benefício de todos.
Considerando os empenhos e os princípios, facilmente se compreende a razão porque os partidos mais à direita não votaram favoravelmente a reposição das freguesias, que acabou por permitir que a luta da população de Pindelo tivesse alcançado o propósito da desagregação da União , também com a intervenção persistente e decisiva do PCP de Oliveira de Azeméis. De igual forma se entende que a ação do PCP junto dos habitantes de Palmaz, reclamando o mesmo tenha ficado isolada por não ter representação na Assembleia de Freguesia, que rejeitou a exigência inscrita no abaixo-assinado entregue e defendido no período de intervenção do público daquele órgão em Pinheiro da Bemposta. Todavia, realça-se que na mesma sessão, entre outras preocupações, se apelou a que se interviesse para a instalação de um terminal de multibanco, por ser fundamental para uma localidade (Palmaz) a carecer de outros serviços que a empurram para o despovoamento. Foi útil a atenção mostrada visto que acabou por se ultrapassar a falta daquele equipamento de serviço bancário já em 2025.
A CDU prosseguirá a sua intervenção, independentemente do momento eleitoral, mas lembrando que é justo que a avaliação do que tem feito, objetivamente, e do que propõe deva considerar a sua ação mais do que o que sobre ela dizem. 

Vítor Januário,  CDU