18 Oct 2022
António Magalhães
Ocupados com outros centros de interesse, todos esquecemos o centenário do Dr. Albertino Alves Pardinhas, nascido em 30 de Janeiro de 1922 na sua Cortegaça, terra que muito amou, serviu e escreveu, onde repousa também.
Destinado inicialmente à vida eclesiástica – seu irmão Manuel foi figura grada da Igreja – o “nosso” Dr. Pardinhas terá entendido que a sotaina lhe coarctava os sonhos, abandona o Seminário Maior do Porto no 2.º ano de Teologia e segue para Coimbra a licenciar-se em Filologia Românica, acrescendo ainda o Curso de Professores Adjuntos do 8.º Grupo do Ensino Técnico – Profissional e o Curso de Ciências Pedagógicas.
A intensa e multifacetada vida não cabe, naturalmente, nos estreitos limites de um breve apontamento, mas todos reconhecerão que o ensino foi o seu grande amor. O Dr. Albertino Alves Pardinhas foi empossado como Director da então Escola Industrial e Comercial de Oliveira de Azeméis, em regime de comissão de serviço, a 25 de Setembro de 1963 (o novo edifício havia sido inaugurado em Abril), e nesta situação se manteve até 30 de Setembro de 1974, momento em que novas regras para a gestão escolar puseram termo à figura do director. Foi, assim, o último director deste estabelecimento de ensino. Cessada a comissão de serviço, apresentou-se na Escola Industrial e Comercial de Ovar, a cujo quadro pertencia. Regressaria a Oliveira de Azeméis no ano lectivo de 1978/79 como professor efectivo do 8.º grupo B, situação em que se manteve até à aposentação, a 17 de Agosto de 1987.
Tal como escreveu o Dr. Avelino Cabral na “Monografia da Escola Soares Basto”, os onze anos de permanência do Dr. Albertino Pardinhas na direcção da então Escola Industrial e Comercial de Oliveira de Azeméis ficaram assinalados por uma profunda revolução em que revelou bem o tacto pedagógico e a generosidade de esforço.
Os tempos de agitação de Abril a Setembro de 1974 não foram fáceis para o Dr. Pardinhas, tendo experimentado então o sabor amargo de ingratidões e traições. Ser-me-ia ilícito trazer até aqui confidências suas, mais ilegítimo ainda bater em mortos, a quem não é já permitido defenderem-se.
O Dr. Albertino Pardinhas foi também apaixonado investigador, estudioso profundo das terras de Cortegaça, muito escreveu sobre as terras de Azeméis, legou vasta colaboração no “Correio de Azeméis” e na “Voz de Azeméis”, esteve na fundação do nosso Museu.
Faleceu repentinamente em 1 de Setembro de 2008, quando a conhecida compleição física não sugeria uma morte que causou geral tristeza, bem patente na consagração pública do seu funeral.
A figura e a obra do Dr. Albertino Alves Pardinhas granjearam lugar na galeria dos amantes da nossa terra.
(Escrito de acordo com a anterior ortografia)