7 Nov 2023
António Magalhães
O privilégio de Couto, concedido a Cucujães, vigorou durante longos setecentos e setenta e seis anos - quase oito séculos! - desde o ano de 1058 e até 1834, quando Joaquim António de Aguiar, com o seu rancor anti-religioso, ordenou a extinção de todas as ordens religiosas, decisão odienta que esteve na origem do cognome de “mata - frades”, com que ficou na história.
O Mosteiro terá sido criado por D. Egas Moniz, o “Gascão”, bisavô paterno de D. Egas Moniz, aio de D. Afonso Henriques, e, para alguns historiadores, a instituição contribuiu decisivamente para a consolidação da independência da nossa Pátria.
Tal como aconteceu repetidamente ao longo da nossa história, em idênticas circunstâncias, também o Mosteiro conheceu períodos áureos e de decadência. Desde a referida extinção, em 1834, até à restauração, em 1876, o Mosteiro transitou por vários proprietários particulares, o que determinou nascesse ali o reputado cientista Prof. Dr. Ferreira da Silva, consagrado pelos conterrâneos em monumento erecto junto à praça fronteira.
Após peripécias várias, o multissecular Mosteiro seria comprado ao Estado, em 26 de Agosto de 1923, por 350 contos, pelo Missionário José Vicente do Sacramento, que o converteu em Seminário das Missões, funções que mantém, adaptadas, naturalmente, aos novos tempos de evangelização.
Daqui partiram três bispos e dezenas e dezenas de missionários, alguns mortos pela sua fé, aqui se desenvolve vasta obra cultural, aqui laboram a Tipografia das Missões e a Editorial das Missões.
Anexo ao Seminário foi construído o Lar de Santa Teresinha para os membros jubilados, idosos e doentes, acolhendo também outras pessoas em contracto com a Segurança Social.
Razões não escasseiam para que evoquemos o centenário da milenar instituição, luzeiro da cultura a que todos continuamos a chamar Seminário das Missões.
(Escrito de acordo com a anterior ortografia)