10 Jan 2024
Helena Terra *
Este fim de semana teve lugar o 24º congresso do Partido Socialista. Alguma imprensa disse que era o adeus a António Costa e o olá a Pedro Nuno Santos. Acho que é mais um até já António Costa e um agora é Pedro Nuno Santos.
Pedro Nuno, no discurso de encerramento do congresso deixou claro que se fechou este último ciclo de governação do PS e que agora é a vez da geração que, entrando pelas portas que abril abriu, já nasceu no Portugal democrático. Agora, disse, é a vez de uma nova governação.
Concorde-se ou não, Pedro Nuno Santos apresentou propostas de governação, e linhas mestras de um programa eleitoral, descolando de um governo liderado por António Costa, afirmando, sem quebrar a necessária solidariedade que, sob a liderança dele, o governo será diferente.
Pedro Nuno mostrou-se um político preparado, como já se sabia que é, e um fazedor, um indivíduo para tomar decisões.
Depois de conhecer o discurso de encerramento de Pedro Nuno Santos, o candidato a primeiro-ministro de Portugal pelo PSD, Luís Montenegro e os outros parceiros apresentam a nova AD, fazendo questão de dizer que ela não é a reedição da de 1979, mas sem conseguir dizer o que é, ou vai ser esta nova AD. Afirmou tudo aquilo que está mal no país e que, qualquer português, mais ou menos atento, também seria capaz de dizer. Em nenhum momento apresentou uma única proposta de resolução do diagnóstico há já muito feito.
Esforçando-se por se afirmar como o moderado, Luís Montenegro, assenta esta nova AD na herança de Sá Carneiro e fez desfilar, na primeira fila da assistência, figuras como Leonor Beleza, Rui Moreira e Miguel Guimarães, ex bastonário da ordem dos médicos, que deixou claro estar disponível para ocupar um lugar numa qualquer lista da AD, apesar de nada ter dito, nunca, sobre a forma de resolver os problemas existentes no SNS.
Além disso, os seus parceiros de coligação nada adiantaram nem atrasaram.
Luís Montenegro um político nada afirmativo, com pouca capacidade de mobilização pelo seu discurso e, notoriamente, muito menos preparado que Pedro Nuno Santos.
A campanha eleitoral que aí vem não se destina a eleger num mister simpatia, destina-se a eleger um primeiro-ministro para Portugal.
Vivemos na política nacional uma fase de mudança geracional e vivemos, também, uma crise de lideranças e de atores carismáticos e, neste campeonato, Pedro Nuno Santos tem mais carisma, maior poder de afirmação pessoal e tem mais e maior projeção internacional que Luís Montenegro, nomeadamente na UE.
A campanha está aí e espera-se que possa ser esclarecedora do eleitorado.
* Advogada