No rescaldo

Helena Terra Opinião

> Helena Terra

No passado domingo, a AD ganhou eleições, mas sem ter maioria absoluta. Ao que tudo indica o CHEGA será a segunda força partidária com maior número de deputados no parlamento. E o PS sofreu uma estrondosa derrota.
Vejamos: nos últimos 30 anos, o PS foi governo em 22 deles. Foram muitos os avanços económicos e sociais pelos quais este partido foi responsável e que julgo ser desnecessário elencar.
Nos últimos oito anos o PS liderou três governos tendo sempre António Costa como primeiro-ministro. O da primeira gerigonça oficial e o da segunda geringonça oficiosa. Depois destes, ganhou eleições legislativas com maioria absoluta em 2023, sendo que apresentou a sua demissão 10 meses depois, nas circunstâncias que estão frescas na memória de todos. O Presidente da República marcou eleições antecipadas em 2023. Nestas eleições A AD ganhou em número de votos, mas elegendo o mesmo número de deputados que o PS.
Entretanto o CHEGA legalizado como partido político em abril de 2019, neste ano concorre pela primeira vez a eleições legislativas, obtém 1,29% dos votos, e elege o primeiro e único deputado, André Ventura. De notar que este partido surge, sempre encabeçado por André Ventura, um dissidente do PSD e em conjunto com elementos de uma minoria silenciosa dentro do PSD.
Nas eleições de 2023, o CHEGA obtém 18,27% dos votos e elege 50 deputados. No passado domingo, o CHEGA elege o mesmo número de deputados que o PS e, no final do apuramento eleitoral, provavelmente poderá ser o segundo partido com maior número de deputados na AR.
O CHEGA começa por cumprir o objetivo de fragmentar o PSD, facto que interessava a António Costa, então Secretário-Geral do PS. E não podemos ter medo das palavras, sob pena de nunca percebermos o que nos fez chegar até aqui.
Nos três governos liderados por António Costa, discutiram-se questões fraturantes, sem cuidar das questões que uniam todos os portugueses em torno da sua necessidade e importância. As regras da aritmética dos votos no hemiciclo ditaram todas as regras porque havia um projeto pessoal a cumprir. E até o crescimento do CHEGA era importante para este fim. E estes foram os ingredientes que determinaram que chegássemos até aqui.
Entre 2015 e 2025 foi aumentando a desesperança, a sensação de abandono na maioria dos portugueses e, juntando-se a isto, o consumo de (des)informação do tipo fast-food tóxica produziu o resultado que tivemos.
No resto da Europa o vento corre de feição para este tipo de direita que temos, hoje, como segunda força política.
George Orwell, em 1954, escreveu, “a linguagem política destina-se a imprimir ao vento uma aparência de solidez.” Vivemos uma tempestade e, atenção, não é num copo de água!
 
Helena Terra, Advogada

 

“Nos três governos liderados por António Costa discutiram-se questões fraturantes, sem cuidar das questões que uniam todos” os portugueses em torno da sua necessidade e importância.

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