4 Jun 2025
> Helena Terra
Sempre que se aproxima um ato eleitoral aumenta a animação nas redes sociais. Se as eleições são autárquicas, mais ainda. Os eleitores conhecem os eleitos e /ou candidatos e o exercício à opinião democrática assume contornos diferentes comparativamente com qualquer outro ato eleitoral.
Por cá já vem sendo hábito esta “animação”. Tempos houve em que a “opinião” era travestida de insulto de uma velha cavalgadura mal-educada e trauliteira como, aliás, é próprio das bestas desse calibre.
Hoje temos um alfinete, consistente como o são os instrumentos de metal, pontiagudo que espeta, mas pode unir, uma ferramenta da fina costura e que o prete á porter ignora.
O alfinete é um perfil de Facebook oliveirense que usa a sátira elegante e tão portuguesa para, numa prosa bem-humorada, pôr a nu os vícios ou defeitos de uma época, uma pessoa ou instituição. Leio sempre que posso. Até ao momento revela informação que nem todos os oliveirenses têm, demonstra algum empenho e é bem escrito.
Cada dia que passa, dá ideia de que a recolha de informação e a procura de fontes está facilitada. Até parece que se Maomé não vai à montanha, vai a montanha a Maomé.
No tempo das Azémolas, atento o seu conteúdo fétido, sendo difícil de aceitar, era compreensível que arriscar o pelo à condição de arguido(s) era algo a evitar. Mas com um instrumento, próprio da fina costura é difícil perceber que haja “necessidade” de ser incógnito.
Afinal, a democracia já completou 51 anos em Portugal. Os velhos sótãos têm agora outras utilidades que não a de albergues conspirativos, tal como muitos os conheceram.
Além do Alfinete outros sempre existiram, mas com pouca criatividade e estrábica visão da realidade. Destes, nunca a história se fará e, com estes, também o rumo da história não se alterará.
Nos últimos tempos surgiu uma outra nova “senhora”, donzela ou não, que alia sabedoria esperteza e habilidade, com o deleite e a satisfação. A Sofia dos Prazeres, cujo nome escolhido para o perfil, certamente, não será um acaso…
Um e outra devem merecer atenção das “estruturas” responsáveis e a reflexão dos mais habituais alvos da sátira e da contestação.
Sempre convivi bem com a diferença de opinião, mas tenho cada vez mais dificuldade em lidar com as sombras e a penumbra.
Se o anonimato é uma necessidade, algo vai muito mal nas terras de La-Salette!
Helena Terra, Advogada