O Associativismo está de luto!

Samuel de Bastos Oliveira

Samuel de Bastos Oliveira

Carregosa foi, há dias, dolorosamente abalada e sofreu intensamente a perda irreparável de Alguém que a todos era muito querida.

A morte, aos 50 anos, de Sandra Cristina Aguiar de Bastos Pinho, professora muito respeitada do Ensino Especial e inteligente e dinâmica presidente da Associação Cultural e Etnográfica de S. Miguel de Azagães chocou profundamente os alunos, que a idolatravam, e também os Encarregados de Educação, que deveras a estimavam, e foi um duro golpe para o folclore e etnografia que serviu com abnegação e admirável paixão, elevando o associativismo do Concelho de Oliveira de Azeméis a um patamar de grande qualidade e de prestígio nacional e internacional.
Em contraste com a mágoa e o luto de chumbo que pesou sobre Azagães, a memória trouxe-me inefáveis e doces recordações das gentes laboriosas e bairristas deste lugar, do casario aconchegado ao redor da Capela de S. Miguel e do contíguo pequeno éden, viçoso e exuberante, onde viviam os meus familiares, eu nasci e também nasceu, em 1954, o rancho As Andorinhas de Azagães, que teve uma vida efémera (uns dez anos) mas que foi o pioneiro do folclore concelhio e cujas danças e cantares foram gravadas, em 1957 ou 1958 por técnicos dos Rádios Unidos do Porto, como, na ocasião presenciei.
Trinta e seis anos após a extinção das citadas Andorinhas de Azagães, quando em 1997, se comemoravam os 300 anos da Capela de S. Miguel, um grupo de pessoas, que incluía elementos do extinto rancho, e tinha à cabeça Sandra Bastos Pinho, fundou a Associação Cultural e Etnográfica de S. Miguel De Azagães.
Tendo assumido a presidência, Sandra Bastos Pinho entregou-se de corpo e alma ao estudo e recolha do regionalismo e da etnografia; lutou incansavelmente para adquirir uma sede para a Associação e tornou o seu grupo um lídimo e fiel intérprete dos costumes, danças e cantares populares e da indumentária do século XIX e princípios do século XX do nosso Concelho e da região de Entre Douro e Vouga, incluindo trajes de fidalgos, lavradores ricos, remediados e pobres, trajes de trabalho do campo, podador, moleiro, leiteira, resineiro, trajes de romaria e de ida à feira e trajes domingueiros.
O Grupo de Azagães tem-se exibido de Norte a Sul de Portugal com total agrado e aplauso público e de 21 a 28 de Maio de 2005 participou, na Alemanha, no “26º International Youth Festival Wewelsburg” que reuniu 12 grupos alemães e 12 grupos estrangeiros e, em 2007, no XXVIII Festival Internacional de Danzas de Villablanca, Sul de Espanha, que teve a presença duma dezena de grupos estrangeiros.
Que a colectividade saiba continuar a esteira de prestígio alcançado e Sandra viva em paz no Paraíso.
Sentidas condolências aos dirigentes da Associação e aos familiares.
* Colaborador (Escrito de acordo com a anterior ortografia)

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