9 May 2023
Eduardo Costa *
“Todos mentem e todos se desmentem”.
Li isto numa rede social. Para o cidadão comum pouco importa se foi correta a reunião secreta do ministro com a ex-presidente da TAP (em litígio com o governo), para acertarem o que esta ia dizer na comissão de inquérito da Assembleia da República. Nem interessa saber se o computador foi roubado pelo seu ex-adjunto, tendo o ministro chamado a polícia das “secretas” para o recuperar! Nem interessa ao cidadão comum se o ministro mentiu ou omitiu informação a um órgão de fiscalização do governo, como é o Parlamento. Pouco importa quem tem razão, onde está a verdade ou a mentira. Estas confundem-se no meio de tanto alarido, confusão e falta de sentido de estado.
O cidadão comum fica apreensivo: estes senhores deviam ocupar todo o seu tempo e capacidade a governar-nos, a encontrar soluções para os problemas que nos afligem. Como ter dificuldade em pagar as contas dos bens essenciais.
Acima de tudo, o cidadão comum sente que algo está errado, que “isto” não está a funcionar bem. E receia que a fatura de tanta confusão vá cair nos seus magros bolsos.
Acima de tudo, o cidadão comum fica com a ideia de que as instituições democráticas não estão a funcionar.
Os políticos, que alguns de nós (cada vez menos) elegem para nos governar, deviam perceber que os seus complicados comportamentos descredibilizam as instituições democráticas. A democracia fica cada vez mais frágil. O cidadão comum fica aberto a outras opções. Nada recomendáveis para quem acredita que a “democracia, não sendo um regime perfeito, é o melhor que conhecemos” (Churchill).
* jornalista, presidente da Associação Nacional da Imprensa Regional