O ‘dedo do ladrão’ de La Salette
Concelho
Poderá passar despercebido ao comum dos visitantes, mas a capela de La Salette ainda hoje alberga um dedo conservado num frasco. Reza a história que se trata do dedo de um ladrão que ficou caído no chão na consequência de um tiro de caçadeira disparado por um guarda do santuário.
Em 1909 a Comissão Patriótica oliveirense, responsável pela edificação da Capela La Salette, preocupada com a segurança do templo situado no Monte Crasto, devido aos roubos frequentes, propôs ao ‘Tio Martinho’, um habitante íntegro do lugar de Cidacos, que ficasse de guarda da capela, dos seus bens de culto, de elevado valor, que asseguravam as procissões, nas festas.
Isto porque o Monte Crasto era um lugar desagradável e afastado que estava à disposição de visitantes mal-intencionados e, apesar dos esforços do ‘Tio Martinho’, os roubos sucediam-se continuadamente chegando mesmo a ser roubado um anel valioso, levado com o dedo mínimo da mão direita da Nossa Senhora.
O ‘Tio Martinho’, determinado em dar termo aos roubos, muniu-se de uma espingarda e preparou-se para passar a noite, após as festas, de vigia num local estratégico dentro da capela. Durante a madrugada ouviu um barulho e, ao espreitar pelas escadas que davam acesso ao pequeno coro, disparou quando viu um vulto no altar, intimando-o. Após amanhecer, e depois de ter fechado o intruso na sacristia, o ‘Tio Martinho’ tocou a sineta da capela alertando, aos gritos, que haviam “ladrões”. O povo não demorou a cercar a capela e a prender o indivíduo que só na cadeia, depois de lhe terem sido examinados os ferimentos, percebeu que o tiro disparado tinha amputado o dedo mínimo da mão direita, o mesmo dedo que tinha sido partido à Nossa Senhora. Durante o interrogatório, o ladrão confessou que tinha sido o autor desse crime e o ‘Tio Martinho’ voltou à capela para encontrar o dedo ensanguentado junto ao altar, que se encontra exposto num frasco, dentro da capela, ainda nos dias de hoje.
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