7 Aug 2024
> António Magalhães
Os fundos da União Europeia habitavam longe, do PRR ainda mais distantes, minguados, como sempre, os recursos da Câmara, mas os oliveirenses saborearam a onda de progresso determinante para a nossa realidade.
A inauguração do nosso Hospital, em 1895, constituiria momento alto – os próximos situavam-se em Porto e Aveiro. E tudo conseguido exclusivamente por beneméritos que, agregando mais um outro punhado, assegurariam a manutenção do hospital por cinco anos.
Quase em simultâneo, foi a luta pela Linha do Vale de Vouga, com acesas lutas parlamentares, já que muitas povoações, algumas com adversários de grande peso político, a reclamavam. O abandonado “Vouguinha” chegaria em 23 de Novembro de 1908, tendo como honroso passageiro o jovem D. Manuel, que, sucessor de um pai assassinado, menos de dois anos depois seria apeado do trono.
24 de Junho de 1906 ficou a assinalar a recepção, em Santo António, ao primeiro material, pouco mais que umas bombas saudadas com festa rija, e assim nasciam os nossos primeiros Bombeiros Voluntários.
Em 1907, a 1 de Dezembro, D. António Barroso, Bispo do Porto, benzia o reservatório que ofereceu à vila a primeira rede de distribuição de água. A memória descritiva regista que foi construído, junto à “pia de nasce água”, na encosta do Monte dos Crastos, um reservatório de 60.000 litros, mais a canalização, toda em ferro, até à Rua do Cruzeiro, a instalação de oito fontanários ao longo do percurso, ainda uma ligação para o hospital.
O Parque de Nossa Senhora de La Salette nascia no dia 7 de Abril de 1909, quando o duro e estéril solo do Monte dos Crastos, esventrado pelas picaretas, viu quebradas a solidão e a quietude de séculos e séculos.
No longo rol de generosos beneméritos, nos sucessivos movimentos populares, misturaram-se os letrados com os incultos, os grandes senhores da terra com os humildes, tendo unicamente por denominador comum o desenvolvimento de uma terra que amavam apaixonadamente.
Estão aí, uma outra vez, as nossas Festas de Nossa Senhora de La Salette, anunciadas em tempos, pelo país fora, nos primorosos cartazes de João Ramalho, como os majestosos festejos da nossa Beira Litoral.
Momento e espaço para evocar a memória de quantos, desde o primeiro dia, e ao longo de bem mais de um século, construíram e serviram o nosso Parque, paraíso que em tempos era chamado a “menina dos nossos olhos”. Saudar também quantos nos visitam nesta época, ansiando que levem desejo de voltar, de voltar sempre.
(Escrito de acordo com a anterior ortografia)