O passado moldou o futuro

A realidade atual da indústria nacional de moldes para plásticos, que conhece a maior concentração geográfica em Oliveira de Azeméis e na Marinha Grande, eleva Portugal à posição de realce entre os principais fabricantes de moldes do mundo, produzindo para clientes globais do automóvel, aeronáutica, eletrónica ou informática. Sumariando a origem e implantação desta indústria nas duas ‘capitais’ vidreiras, identifica-se, naturalmente, com anteriores ligações à tradição vidreira. Nesse sentido se justifica o predomínio nos dois concelhos onde, inicialmente, houve necessidade de moldes para o vidro. E o saber fazer herdado, com o tempo e algumas circunstâncias favoráveis, foi evoluindo noutro rumo de futuro – os moldes para plásticos. O mais curioso é que o ‘berço’ começou a construir-se na Fábrica Nacional de Vidro da Marinha Grande, quando optou privilegiar produção própria de moldes para o vidro em substituição dos importados, encontrando em Aires Roque – jovem serralheiro natural de Lisboa – o seu principal artífice, até que, decorridos alguns anos, entendeu ser altura certa de trabalhar com seu meio-irmão, Aníbal Henriques Abrantes, numa oficina em Lisboa, levando, consigo António dos Santos e Manuel da Costa. Em 1927, Ramiro Mateiro, do Centro de Vidreiro de Bustelo, acenou-lhes boas condições para a participação que desejava e por cá andaram em continuado trabalho, até ao regresso a Lisboa, passados nove meses. Entretanto, o apelo da Marinha Grande, em 1929, fez-se realmente grande, levando à fundação da empresa Aires Roque & Irmão, Lda., para a qual também conseguiu a colaboração de dois trabalhadores especializados – António dos Santos e Manuel da Costa. Na etapa seguinte desses primeiros anos da empresa introdutora dos moldes para vidro em Portugal, Aires Roque decide apostar também em Oliveira de Azeméis e constituiu com António dos Santos, em 1937, a primeira oficina nesta localidade que, no essencial, se dedicava aos moldes para vidro e pequenas ferramentas. Nessa altura, entregou a principal responsabilidade da fábrica na Marinha Grande ao cuidado do irmão. Em 1950 é criada a Santos & Abrantes. Foram seus fundadores Aníbal H. Abrantes e António Santos – que, anteriormente, já tinha trabalhado na Aires Roque & Irmão. Dedicou-se ao fabrico de moldes para vidro, servindo, especialmente, as empresas vidreiras do concelho. Contudo, existem referências avulsas que indiciam também a produção de moldes para plásticos e, a ser assim, cabia-lhe a honra de pioneira no concelho oliveirense. Também no início da segunda metade do século XX foi criado no Centro Vidreiro um setor de fundição que ficou conhecido por Centro Vulcano. Respondia à necessidade de moldes para vidro e fabricou válvulas para saneamento e condutas de água. Chegou a produzir moldes para plásticos mas só em função da serventia interna e adaptável ao labor vidreiro. Com a sua implantação e funcionamento atraiu a vinda de muitos artífices marinhenses para Oliveira de Azeméis. Em certa medida, deu ‘berço’ ao futuro dos senhores dos moldes para plástico. Em 1955, a fundação da Moldoplástico, por Joaquim Landeau e Lúcio Rodrigues (ex-empregados da Vulcano, onde se conhecerem e ficaram amigos) significou o verdadeiro ‘acordar’ local para a produção de moldes para Plásticos. Ao ter sucesso, passado pouco tempo, criaram-se outras empresas do género, muito por efeito da passagem de testemunho: trabalhadores de uma empresa vão fundar outra empresa. A título de exemplo podemos apontar a Simoldes Aços, Lda (1959) pois um dos fundadores principais, António Rodrigues, foi aprendiz na Moldoplástico. Esses ex-operários, que por mérito próprio se elevaram a empresários da indústria de moldes, aprenderam muito em cada desafio, com evolução contínua e assim vemos que os dois centros da indústria de moldes em Portugal continuam a ser Oliveira de Azeméis e Marinha Grande. A Simoldes Aços nasceu em 1959. António Rodrigues, aprendiz na Moldoplástico, criou desde a Simoldes Aços um ‘império’ na indústria de moldes e plásticos, sendo um dos maiores players mundiais do setor. O Grupo Simoldes tem uma dimensão verdadeiramente internacional, com fábricas em vários países e continentes. Dispõe de 17 empresas e cinco centros avançados de serviço ao cliente, com unidades fabris em Portugal, Brasil, França, Espanha, Polónia, Argentina e República Checa. O grupo anuncia, ainda, novas unidades nos Estados Unidos, no México e Marrocos. Atualmente com cerca de 4.000 trabalhadores, o grupo está organizado em duas divisões, correspondendo às suas duas principais áreas de atuação: a divisão de moldes e ferramentas e a divisão de plásticos. Oliveira de Azeméis mantém-se como o ‘coração’ do grupo.

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