19 Feb 2024
Samuel Oliveira *
Foi há 83 anos que, na tarde de sábado, 15 de fevereiro de 1941, um terrível ciclone varreu, de lés a lés, Portugal com violentas rajadas de vento, como não havia memória, vindas do Oceano Atlântico, de sudoeste para nordeste, calculadas com a velocidade entre 130 a 150 quilómetros que causaram a maior destruição e desolação.
Era inverno e chovia com alguma intensidade, mas nada previa o furacão medonho que, depois do almoço desse dia, por todo o País, fez voar chaminés e telhados de casas, fábricas e instalações agrícolas; arrancou e partiu centenas de milhares de árvores, que caíram sobre habitações, que danificaram, e sobre estradas, que ficaram intransitáveis para autocarros de transporte; sobre redes eléctricas, de telégrafos e de telefones, que danificaram e, durante dias, interromperam o fornecimento de energia eléctrica às casas, indústria e comércio e as comunicações da província para Lisboa.
Centenas de milhares de árvores foram arrancadas ou danificadas gravemente pela fúria do vento em todo o País: no Pinhal de Leiria mais de 300.000 árvores foram danificadas; em Abrantes, mais de 200.000; em Nisa, 375.000 árvores e em Évora foram destruídos 10.000 eucaliptos.
O mar alterou-se e foi cenário de naufrágios e mortes. As zonas ribeirinhas foram invadidas pela fúria das ondas que afundaram e danificaram centenas de embarcações e causaram muitas mortes e sofrimento.
Na nossa Região, foi idêntica a situação: queda de árvores, destruição de chaminés e telhados de casas e danos em edifícios públicos e arruamentos.
O total dos prejuízos causados pelo ciclone foi de um milhão de contos, verba que, na época, representava metade do orçamento do Estado; fazendo a actualização para os nossos dias, o ciclone terá causado cerca de cinco mil milhões de euros de prejuízos.
* Colaborador do Correio de Azeméis