15 Jul 2024
Helena Terra *
Tenho um fac simile da Declaração da Independência dos Estados Unidos, oficialmente datada de 04 de julho de 1776, que me foi gentilmente oferecida por um amigo que já cá não está, que foi um ilustre Professor de Direito e Reitor da Universidade de Coimbra. Ofereceu-mo no dia em que acabei o curso. Recebi-o com muito orgulho e guardo-o com muita honra.
Este foi o documento fundamental que proclamou que “todos os homens são criados iguais” com direito a “vida, liberdade, propriedade e a busca pela felicidade”. Assim nasceu e se enraizou aquele que é por todos conhecido como o sonho americano.
Como é do conhecimento público há eleições presidenciais nos Estados Unidos da América no próximo dia 05 de novembro. É a 60ª eleição presidencial e são candidatos conhecidos Joe Biden, o presidente em exercício, tendo como candidata a vice-presidente Kamala Harris e o ex-presidente Donald Trump. Biden o candidato democrata e Trump o candidato republicano.
Os Estados Unidos são, de entre as 10 maiores economias do mundo, a que ocupa o primeiro lugar. Os Estados Unidos ainda seguram o título do país mais poderoso do mundo devido à sua economia avançada, proeminência cultural global, à sua influência política e diplomática e ao seu poder militar que, desde o fim da segunda guerra mundial é, por enquanto, inigualável.
De entre estas 10 maiores economias do mundo, surge a China em segundo lugar, seguida pela Alemanha e pelo Japão, sendo que estes dois, relativamente à China, no que ao Produto Interno Bruto diz respeito, representam menos de um terço daquela.
E nesta equação tem de entrar a Rússia que é riquíssima em recursos naturais nos quais se destacam o petróleo e o gás, fortíssima na indústria do armamento e com um dos sectores primários, agricultura, mais produtivos no mundo. A Rússia, no que toca à exportação já viu a agricultura ultrapassar a indústria do armamento, ocupando neste momento o segundo lugar na balança comercial de exportações, com o primeiro lugar a continuar a ser ocupado por aqueles recursos naturais.
Não deixa de ser estranho, e descoroçoante que aquela que é a mais jovem potencia mundial tenha o seu futuro, que se disputa no próximo dia 05 de novembro, dependente de dois octogenários. Um mais velho que o outro e com falhas que revelam debilidades de saúde mental e cansaço cada dia maiores. Outro, que dia após dia, vai fazendo crescer os dislates que ecoam em todo o mundo e cujo delírio é ilimitado.
Esta situação é preocupante, em primeiro lugar para os Estados Unidos, onde a taxa de mortalidade infantil é 3 vezes superior à nossa, o desemprego é um flagelo crescente. A crise habitacional é galopante e os preços do mercado imobiliário aumentam todos os dias, tornando a aquisição de habitação própria acessível e menos de metade da sua população.
Aquele que foi durante muitos anos o sonho americano está à beira de se tornar num pesadelo mundial. Não esquecer que o bater de asas de uma borboleta nos EUA pode causar um tornado no resto do mundo.
* Advogada