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Correio de Azeméis

18 Jul 2023

O regresso da Senhora das Febres

António Magalhães

António Magalhães

No respeito pela tradição, interrompida pela epidemia que nos atacou imperiosamente, tem lugar na capela de Adães a festividade em honra da Senhora das Febres.

A capela mostra-nos na porta travessa a data de 1653 e incluiu-se na chamada Quinta de Adães, onde avulta imponente portal armoriado com o brasão concedido a Manuel Pais Ribeiro, senhor do Morgadio de Adães, uma das mais respeitadas e importantes figuras da nobreza do Norte do país. O portão armoriado, no mais completo abandono, constitui uma maravilhosa obra de cantaria, hoje completamente invisível porque coberta de densa vegetação selvagem.
Curioso que, sendo São Nicolau Tolentino o padroeiro do templo, a devoção e a festividade dirigem-se à Senhora das Febres. São várias as opiniões acerca desta mudança. Admite-se que a veneração terá surgido aquando da pandemia de gripe de 1918/1919, designada popularmente por pneumónica, ou gripe espanhola, em que o primeiro sintoma era as altas temperaturas corporais. Em Portugal verificou-se elevadíssima taxa de mortalidade, com uma ocorrência mais marcada entre os 20 e os 40 anos de idade, que terá causado cerca de 120 000 mortos, número que alguns garantem ter sido ultrapassado.
Certo é que a capela passou a centro de grande devoção, atraindo as chamadas novenas, a que acorriam legiões de devotos das redondezas, particularmente da beira-mar. Todos ali buscaram a ameaçada saúde. A missa dominical era aí celebrada. 
Mas a história da Quinta de Adães oferece-nos outras curiosidades. Adquirida pela família do médico loureirense Dr. Manuel Valente, foi aqui que este clínico iniciou a actividade e aí viveu os primeiros tempos após o casamento.
Mais ainda. A então chamada Escola Mista de Adães foi criada em 1903, funcionando na casa de Manuel Bastos, depois de sua filha Aurora Bastos. Em data que não pude precisar, transitou para a Quinta de Adães, onde também habitaram sucessivas professoras. Até que em 1958 foi construído edifício próprio, por esforço do Dr. Ernesto Soares dos Reis, Presidente da Câmara, que encontrou terreno por generosidade de uma conhecida figura da terra que passou à história pelo nome de Senhor José das Gaitas.
Em 2010, ao cabo de 107 anos de vida, a Escola Mista de Adães fechou definitivamente as portas e a maioria das poucas crianças da zona, incluindo Avenal, viajam para Loureiro. 
(Escrito de acordo com a anterior ortografia)

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