Dizem-nos os estudiosos que a palavra sino tem origem no latim “signo”, que significa “sinal”. Os chineses tê-lo-ão inventado há cerca de 4.600 anos.
Na Igreja católica, os sinos começaram a ser usados no século V nos mosteiros do sul da Itália, mas rapidamente chegaram às catedrais, em breve adornavam as torres das modestas igrejas paroquiais de toda a Europa.
Durante séculos, o sino das igrejas chamou, celebrou, lembrou e comemorou. Servia as comunidades como meio de comunicação. Vinham longe os telefones, muito mais distantes os telemóveis. Se tocava, fúnebre, a dobrar, anunciava, então, a morte de um da comunidade. Repicando frenético, arrebatado, levava a boa nova de um baptizado. Nos dias de hoje, apesar do surgimento de meios de comunicação em massa como a rádio, a televisão, a internet, ter diminuído a amplitude do papel comunicativo do sino das igrejas, ele mantém ainda muita da sua importância original. Continua a chamar os fiéis para a missa, acorda-os para momentos de oração.
Assim acontecia, também, em Macinhata. Tempos muito difíceis os do sacristão Sr. Silvino. Às seis da manhã subia à torre a chamar para a missa das sete, então diária, porque o senhor abade apenas pastoreava uma paróquia. E não recebia qualquer importância. As únicas e modestas receitas provinham dos padrinhos de baptismo e de casamento, do agente funerário ou dos familiares do defunto. Dizia-se, então, que a duração do toque variava consoante a dimensão da gorjeta. O que se compreendia perfeitamente: era o mercado a funcionar...
A situação de hoje é bem diferente… e para melhor. O sacristão tem um estipêndio acordado com o Conselho Económico da Paróquia, que cumpre pontualmente. E já não é preciso subir à torre: basta carregar no botão da aparelhagem electrónica, acomodada na sacristia, e escolher o toque desejado.Apesar destas comodidades da técnica, os sinos tocam menos, atropelando a tradição de séculos. Os mortos valem pouco.
É o silêncio dos sinos…
(Escrito de acordo com a anterior ortografia)