Objetivo de vida e propósito

De acordo com uma pesquisa realizada pelo Dr. Patrick HILL, da Universidade de Carleton, no Canadá e publicada na Psychological Science, revista da Association for Psychological Science, encontrar uma direção para a vida e estabelecer metas abrangentes para concretizá-la pode impactar na longevidade, independentemente de quando o objetivo é descoberto e estabelecido. 
Quando somos crianças vivemos e percecionamos a vida de forma simples e prática. Isto acontece, entre outros motivos, porque ainda não adquirimos a consciência das consequências das nossas ações, como por exemplo, quando atiramos um copo ao ar sem qualquer noção que ao cair ele vai partir, e com isso nos rimos e desfrutamos com umas boas gargalhas. Enquanto crianças, não damos importância ao que o outro vai pensar ou dizer sobre o comportamento adotado. Vivemos livremente e com isso somos felizes, espontâneos e autênticos. Mas com o passar dos anos, nas diversas aprendizagens de tentativa e erro, de sentimentos experienciados e emoções adquiridas face aos reforços positivos e negativos atribuídos pela nossa família e sociedade, e com o crescendo das cadeias neuronais a acontecer e a fortalecerem-se, vamos criando uma maior noção de risco, de perigo, de causa-efeito, e naturalmente a espontaneidade e a leveza começam a dar lugar ao pensamento critico, ao medo e a uma maior consciência de como funciona a vida e qual o seu sistema de recompensas. A partir daí começamos a criar metas, objetivos de comportamento e de ação, em função dos ganhos esperados. Este mecanismo que é natural e biológico, vai determinar a maior ou menor propensão de sermos adaptados, funcionais e mais ou menos felizes. O mundo evolui a cada novo objetivo que é traçado na mente humana e nas ações que adotamos para o concretizar. No entanto, tendemos a meter no mesmo saco objetivo(s) de vida e propósito de vida, e eles pertencem a categorias bem distintas, quando o assunto é saúde mental e emocional. 
Os objetivos de vida, são essenciais ao nosso sentido de concretização, de valor e até na obtenção de mais anos de vida, tal como aferiu o estudo acima mencionado. 
Claro que é importante e fulcral termos objetivo(s) de vida, mas sem descurar o propósito. Viver a vida com propósito consegue anexar aos benefícios dos objetivos, um sentimento de paz e tranquilidade, um apaziguamento com as diferentes circunstâncias que vão aparecendo, isto é, uma maior sabedoria. Nada é fixo nem permanente e a noção e compreensão desta alternância é que nos traz a sabedoria para desfrutar dos sentires únicos e apaixonados com o lado belo, mas também o apaziguamento e a paz tranquila para aguentar com os lados negros e odiosos, quer os intrínsecos quer os extrínsecos, e perceber neles uma oportunidade de sermos melhores, mais completos.
Ser feliz não é um objetivo. Ser feliz é o propósito.

 
* Colaboradora e terapeuta