O 'TeMa na Rua' vai levar, até ao dia 15, o teatro para fora de portas
É o 2.º aniversário do Teatro Municipal de Oliveira de Azeméis
Hoje, dia 11 de novembro, o TeMA – Teatro Municipal de Oliveira de Azeméis celebra dois anos e levou ao final do dia a cultura ao coração da cidade com o projeto “TeMA na Rua”, criado por Helena Silva. A iniciativa, que marca o arranque das comemorações, propõe dois percursos artísticos entre lojas e ruas do centro, cruzando teatro, música, dança e cinema. As celebrações continuam esta noite com o concerto de Pedro Abrunhosa, às 21h30, no TeMA.
O “TeMA na Rua” assinala de forma singular o segundo aniversário do Teatro Municipal de Oliveira de Azeméis (TeMA), ao sair do edifício e ocupar o espaço urbano com arte e comunidade. A proposta, concebida e dirigida por Helena Silva, desafia o público a percorrer a cidade e a descobrir, em lojas e espaços do comércio tradicional, pequenas performances que fundem teatro, música, dança, cinema e memória.
A iniciativa decorre entre os dias 11 e 15 de novembro, com sessões limitadas a 15 participantes (classificação etária M/6) e duração aproximada de 50 minutos. Os percursos realizam-se em horários alternados — às 19h, 21h e, no dia 15, às 15h e 16h.
O “TeMA na Rua” conta com o envolvimento de várias entidades locais, entre as quais Papelaria Central, Sapataria Praça, R Lopo Atelier, Sapataria Moreira, Restaurante A Janela, Oh Caragos, Atelier de Segunda e AZ Garrafeira, bem como o apoio da Academia de Música de Oliveira de Azeméis, Fábrica das Artes – Escola de Dança e Matos Barbosa.
Helena Silva explica que o projeto nasceu de um convite da direção artística do Teatro, que quis celebrar o aniversário “fora de portas” e em ligação direta com a cidade. A criadora sublinha que o processo foi também um exercício de escuta e partilha: conversou com comerciantes, historiadores e habitantes, recolhendo memórias e histórias que serviram de base para a construção dos dois percursos artísticos.
O primeiro percurso, apresentado hoje, dia 11, mergulha no passado e nas memórias de Oliveira de Azeméis. O segundo, que será mostrado nos dias seguintes, homenageia o presente — as pessoas que mantêm vivo o comércio tradicional e resistem às grandes superfícies.
Em declarações à AzeméisTV, Helena Silva falou mais sobre este projeto.
A génese do projeto e o desafio de sair do teatro
“Sim, o objetivo e o desafio que me foi lançado pela Direção Artística do Teatro foi exatamente esse: comemorar este segundo aniversário, mas fora do teatro. E tentar, de alguma maneira, envolver a comunidade, principalmente o comércio local e as lojas desta zona à volta do teatro. E foi isso que fizemos. Começámos a fazer um trabalho de produção, de saber quais eram as lojas que estavam disponíveis e que podiam também receber algum público, em termos de tamanho. E, a partir daí, foi sendo concebido este espetáculo, que também reflete muito sobre a memória da cidade.”
A pesquisa e a ligação à identidade de Oliveira de Azeméis
“Foi feito um trabalho de pesquisa, conversei com muitas pessoas (comerciantes, pessoas da cidade, historiadores) e fui recolhendo muitas histórias. Criei dois percursos: um mais ligado ao passado e outro mais ligado à atualidade, sobre o papel do comércio tradicional nos dias de hoje. A minha ideia era mesmo essa: integrar o que é a herança histórica da cidade, aquilo que é icónico para Oliveira de Azeméis, e fazer disso matéria artística.”
A construção dos percursos e o diálogo com o comércio local
“Hoje vimos o percurso 1, que envolve algumas lojas. Amanhã o percurso 2 envolverá outras lojas e tem também uma temática diferente. O percurso 1 é mais dedicado ao passado. A personagem principal vive num tempo que já foi, mas fala como se ainda estivesse lá. É um mergulho nas memórias, nas histórias que fui ouvindo. E depois o percurso de amanhã envolve outras lojas e é mais dedicado às pessoas que estão no comércio local, que ainda dedicam o seu tempo e ainda acreditam no comércio próximo das pessoas. Amanhã vai ser uma homenagem também a essas pessoas que resistem, apesar destes tempos em que toda a gente foge dos centros das cidades e vai para as grandes superfícies.”
O envolvimento e a resposta dos comerciantes
“As pessoas foram muito abertas. Abriram as suas lojas, o seu espaço, deram do seu tempo, e isto é feito em horário pós-laboral, nos ensaios. Contribuíram com histórias e, de alguma maneira, sentiram-se valorizadas. Tenho muito a agradecer a todas as pessoas que abriram portas e me contaram histórias das suas vidas e dos seus comércios. Este projeto só existe porque houve uma resposta generosa de toda a gente.”
O que ainda está por vir
“Nos próximos dias haverá mais para ver, e diferente. Vamos ter música, e algumas pessoas do próprio comércio local vão fazer teatro também, interagindo com os atores. É um momento de partilha e celebração, uma forma de dizer que o teatro pode acontecer em qualquer lado, desde que haja pessoas dispostas a abrir a porta e a sonhar connosco. Espero que possam assistir.”