18 Jul 2022
Consumo de água contaminada na origem de doenças em Oliveira de Azeméis
Os “Guardiões dos Rios” já chegaram a Oliveira de Azeméis. O município vai passar a contar com uma equipa de elementos que vão fiscalizar as linhas de água do concelho e comunicar às autoridades competentes possíveis descargas poluentes. O protocolo de colaboração entre a INDAQUA, a Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis e a Agência Portuguesa do Ambiente foi assinado na passada sexta-feira, no Auditório Comendador Ângelo Azevedo, na Junta de Freguesia de São Roque, durante a apresentação “O Valor da Água e os Serviços de Água”.
Em declarações à Azeméis TV/FM, o Diretor Geral da INDAQUA Oliveira de Azeméis, Nuno Laranjo, referiu que este projeto visa “sensibilizar a população para a necessidade de proteger os recursos hídricos”. “Os elementos irão fiscalizar as linhas de água, proceder, sempre que necessário, à recolha de águas e posterior análise para aferir o tipo de poluição e, sempre que possível, identificar os possíveis infratores” explicou Nuno Laranjo garantindo que a INDAQUA vai assegurar colaboradores em permanência nesta tarefa. “O objetivo é evitar determinados comportamentos de descargas indevidas para as linhas de água. Iremos fazer análises e monitorização constantes às linhas de água para perceber se há descargas indevidas, quer de afluentes industriais, quer domésticos”, acrescentou.
O projeto já está em funcionamento no município de Santa Maria da Feira desde 22 de março deste ano, pelo que desde que a equipa de Guardiões entrou em funcionamento já foram das respostas a cerca de três dezenas de denúncias sobre descargas poluentes feitas pela linha de emergência. Segundo avançou o Diretor Geral da INDAQUA Oliveira de Azeméis, já foram emitidos três autos de contraordenação pela Agência Portuguesa do Ambiente, em consequência de focos de poluição identificados pelos Guardiões dos Rios. A implementação no em Oliveira de Azeméis é, assim, “muito importante dada a relevância três grandes linhas de água do concelho”, referiu Nuno Laranjo.
Por fim, o Diretor geral agradeceu a prontidão da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis que “desde a primeira hora” abraçou o projeto e se mostrou disponível para colaborar. “Agradeço muito ao senhor presidente pela sua visão da relação que deve existir entre a INDAQUA e a Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis que deve ser sempre de parceria e não de costas voltadas”, concluiu.
“Este projeto, uma parceria que é estabelecida com a INDAQUA e a Agência Portuguesa do Ambiente, é importante porque vamos criar uma resposta que nos vai permitir várias dimensões. Uma delas que para nós é particularmente importante é o facto de termos mais um instrumento de fiscalização das agressões ambientais às quais o nosso território está muitas vezes sujeito e quem tem muitas vezes a ver com descargas indevidas que são feitas nos nossos meios hídricos. Temos aqui uma equipa de fiscalização que se pode deslocar ao local e identificar essas agressões, mas pode, também, proactivamente, procurar pontos de descarga que não estão autorizados. Para além disso, é muito importante o papel que podem desempenhar no âmbito da sensibilização, das campanhas de divulgação, quer junto da comunidade escolar, quer junto a população em geral (…) É muito importante para nós tratarmos o problema da rede de água e saneamento, que é talvez o problema mais grave que nós temos para resolver no concelho”.
JOAQUIM JORGE, presidente da Câmara Municipal de
Oliveira de Azeméis
Consumo de água contaminada na origem de doenças em Oliveira de Azeméis
A Delegada de Saúde do concelho de Oliveira de Azeméis, Sofia Rocha, também fez parte do painel de oradores da apresentção “O Valor da Água e os Serviços da Água”. A médica alertou para a importância do acesso a água segura e potável. “Não é à toa que ainda temos pessoas neste mundo que caminha quilómetros todos os dias para conseguir água para as suas necessidades básicas, e portanto faz parte da saúde pública da Organização Mundial de Saúde que toda a gente tenha acesso a água segura e potável para todos os fins necessários”, introduziu Sofia Rocha. Para além disso, realçou que o investimento na rede de água e saneamento traz “crescimento económico para os países”, referindo que “também para isso” foi definida a Agenda 2030, onde a água potável e o saneamento “é um objetivo de desenvolvimento sustentável número seis”. A Delegada do Saúde referiu que, entre 2016 e 2019, o ACES Aveiro Norte, onde se incluiu Oliveira de Azeméis, era dos que registava uma “taxas de doenças trasmitidas por alimentos, águas e zonones” mais elevadas da região norte, muitas destas doenças oriundas do consumo de água contaminada e não controlada. Sofia Rocha explicou, ainda, que desta taxa, nos casos registados em Oliveira de Azeméis, 40 por cento “tiveram de alguma forma contacto com água potencialmente contaminada”. “Isto é um problema da nossa comunidade e não é aceitável nos dias de hoje”, considerou. “Água segura, mais saúde”, concluiu a Delegada de Saúde de Oliveira de Azeméis, Sofia Rocha.