29 Sep 2022
Urb@nidades - Rui Nelson Dinis
Rui Nelson Dinis *
A natureza humana é muito diversa, mas tem surpreendentes traços comuns. Aquilo que distingue entre a inteligência e a bruteza, revela-se também na reação e na atitude perante o desconhecido.
Os brutos reagem impetuosamente, rejeitam, negam. Acusam e agridem, se insistirmos. Reagem por impulso, não conseguem dominar o desconhecido, pelo que o afastam e recusam. Os brutos estão hoje mais protegidos nos contatos sociais. As redes sociais dão-lhes o anonimato integral para a cobardia, para o insulto, a agressão verbal. Os brutos não se expõem, batem na escuridão, soltos pelo vazio da sua consciência.
Os outros, não negam nada à partida. Não rejeitam. Não reagem a ideias próprias, nem a desconhecidas. Duvidam de si próprios, se tiver que ser. Embora também não compreendam, fazem por isso. Identificam, caracterizam, analisam, estudam.
Fazem avaliação e testam hipóteses, demonstram, concluem e só depois empreendem generalizar. Mas estão dispostos a rever e a reconstruir tudo de novo, se tiver de ser. Assim, também integram, compreendem, incluem.
Quase todos nós, somos como brutos. O desafio é deixarmos de o ser. Enquanto somos. Enquanto ainda temos consciência.