Os centros de dia e a pandemia
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A pandemia diminuiu a nossa qualidade de vida. Mas, se estamos mal, devemos olhar para exemplos cuja pandemia estragou as vidas.
Ouvia na rádio aquele homem que teve que fechar o seu negócio para tomar conta da esposa. “Ela não pode estar sozinha, o Centro de Dia fechou e agora tem que estar em casa. Tive que deixar o trabalho para estar com ela. Não sei que vai ser de mim, pois fiquei sem o pão que o negócio me garantia”.
O lamento deste homem estende-se a todo o país. É um exemplo entre tantos e tantos.
Um outro caso, de uma mulher que se pode movimentar, mas cuja solidão de estar em casa todo o dia causou problemas de saúde de ordem psicológica. “Ela não suporta estar todo o dia sozinha”, desabafou uma filha. “Mas nós temos que trabalhar, não nos podemos permitir ao luxo de não trabalhar, mas dói o coração saber que fica sozinha o dia todo”.
Só damos por conta da falta que nos fazem as coisas quando as perdemos. Nesta pandemia perdemos coisas que achávamos tão certas que nem as valorizávamos convenientemente. Os Centros de Dia podem ser um exemplo. Aquela casa onde os idosos passam os dias. Permitem que os seus trabalhem, tranquilos, porque os sabem bem. Dão aos idosos distrações, cuidados de saúde, convívio que retira a dolorosa solidão.
Uma palavra de justiça para os cidadãos que retiram muito do seu tempo de lazer para administrar estes Centros de Dia. Sem eles não os havia. Felizmente somos uma sociedade solidária.
Os idosos estão a sentir a falta dos Centros de Dia.
Eduardo Costa, jornalista, presidente da Associação Nacional
da Imprensa regional
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