Os pais, os atletas e valores éticos no desporto

Carlos Costa Gomes

Carlos Costa Gomes *

O desporto coletivo é, sem dúvida, o palco público e local privilegiado para colocar em evidência os valores morais e éticos aplicados ao desporto. No caso do futebol, ou das diversas modalidades em que mais do que um interveniente tem participação direta, mais se afirma a formação ética e valores morais dos atletas. 

Qualquer jovem/criança que venha a participar e integrar uma modalidade desportiva coletiva (ou mesmo individual), deve trazer de casa já um conjunto de valores transmitidos pelos pais e encarregados de educação. Não duvidamos que todos os pais o façam e que desejam que os seus progenitores possam marcar a diferença não só enquanto atletas, mas também como pessoas. A casa é, e deve ser, uma escola de educação para os valores, escola na qual os pais devem usar de pedagogia e ensinamento. A pedagogia serve para explicar os conceitos; o ensinamento para mostrar como se faz. 
Falhamos no ensinamento… temos que optar por outra sabedoria.

Não raras vezes, porém, como pais e mães falhamos mais no ensinamento do que na pedagogia. E no desporto, no caso do futebol, isto é evidente, mas de forma contrária. Os gestos e atitudes negativos; a violência verbal e mesmo física; mostra-nos como o ensinamento e a pedagogia no desporto se verifica mais pelo lado negativo do que pela via positiva. Como pais e mães temos que optar por outra sabedoria. Um jogo de futebol, um jogo de futsal ou outra modalidade, não vale só porque vencemos, mas pelo valor inclusivo e meritório que a modalidade pode representar para formação integral dos jovens.
Ensinar pelo exemplo… deve fazer tudo para ganhar, mas que não vale tudo para não perder.

Os filhos/atletas aprendem mais pelo exemplo do que pelas palavras. Há exemplos que de uma só vez explicam o que não se deve fazer e outros qual a ação certa a realizar. São muitos os exemplos de boas práticas éticas no deporto, mas também existem más práticas que muito prejudicam os bons exemplos. Há duas semanas vimos num jogo da primeira liga portuguesa um jogador (defesa) a sofrer uma lesão o que deixou em vantagem o avançado da equipa adversária. Aproveitando a lesão do adversário, avançado não parou galgou no terreno de jogo para livremente concluir a jogada. Os adultos, os atletas, os dirigentes, os treinadores têm que arriscar saber ir mais longe. O resultado é muito importante, mas estes últimos têm de ensinar a pedagogia de que se deve fazer tudo para ganhar, mas que não vale tudo para não perder. 
Ensinar a vencer a derrota.

Ganhar, perder e empatar são os três resultados possíveis. E nisto nada há de dramático. Antes pelo contrário, se não fosse a incerteza do resultado numa competição, ela não teria valor. Porque, se à partida o resultado fosse conhecido, não haveria motivação para qualquer jogo. Devemos ensinar os nossos filhos a vencer a derrota, da mesma forma como elogiamos nas vitórias. A derrota não é em si mesma um fracasso do atleta ou da equipa que tudo fizeram bem para ganhar, mas perderam; o fracassado é aquele (ou aquela equipa), que venceu, para  vencer fez batota.

 *Professor de Bioética e Ética (ESSNorteCVP) e  Embaixador/Formador do PNED 
 

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