Padre Bastos, “um homem de paixões”

Loureiro Macinhata da Seixa Concelho

Tertúlia do ‘centro de estudos’ serviu para celebrar a vida do sacerdote

Dando ênfase ao lema “Não chorem a minha morte, celebrem a minha vida”, o Centro de Estudos Padre Bastos promoveu, no dia do 4º aniversário do falecimento do sacerdote, uma jornada evocativa do Padre Manuel Pires Bastos. Do programa elaborado, o centro de estudos realizou uma cerimónia evocativa/tertúlia sobre a sua vida na Biblioteca Municipal Ferreira de Castro.

“Há dois objetivos na criação do Centro de Estudos Padre Bastos. O primeiro foi e é, desde sempre, a homenagem que ficou por fazer em vida ao Padre Manuel Pires Bastos e o segundo é a recolha, o aprofundamento e a publicação de algumas obras valiosas do seu espólio que é muito vasto, mas que não é devidamente conhecido”
Albino Martins

“Hoje estamos aqui para celebrar o Padre Bastos. Muito embora se assinale a passagem do seu quarto ano lutuoso, hoje é dia de celebração. Mas por vontade do próprio. O Padre Bastos, deixou uma máxima na vida dele, que diz: “Não chorem a minha morte, celebrem a minha vida” e é isso que estamos aqui a fazer.  O homem Padre Bastos era um homem de paixões e teria como a sua grande paixão, a sua vocação. A igreja foi a sua grande paixão, mas foi uma paixão que não foi única. O jornalismo, o Correio de Azeméis conhece-o bem, porque ele entrou no Correio de Azeméis numa fase má do mesmo, e se não fosse o Padre Bastos, poderíamos dizer que não se sabe se o Correio de Azeméis existiria hoje. O Padre Bastos, além de continuar o projeto de João Semana, melhorou, levou até ao centenário e foi agraciado na Assembleia da República por isso. No teatro escreveu, ensinou, ensaiou, foi mais um homem pronto a ajudar todos. Na música, escreveu letras, orquestrou outras. Foi escritor e uma coisa que eu também considero demasiado importante, foi uma pessoa solidária. Criou em Ovar um projeto que se chama Mãos Solidárias, que ainda hoje existe, e que foi uma grande obra na cidade de Ovar. Um homem de sorriso fácil (...) onde quer que o Padre Bastos esteja, está feliz porque estamos reunidos em nome dele. (...) Quando o livro da Banda de Loureiro foi lançado, eu diria que foi como se tivesse nascido um filho ao Padre Bastos. Ele ficou com os olhos radiantes”
Manuel Terra, antigo presidente da Banda de Loureiro

“Já era poeta [desde pequenino]. Já era interessado com tudo. Queria progresso em todo lado. Gostava de progresso. Gostava da animação, companhia. Era uma pessoa muito alegre. Era um bom irmão. Deixa muitas saudades”
Maria do Carmo Bastos, irmã mais velha

“Aprendi muito com ele. O Padre Manuel Pires Bastos presidiu à paróquia de Macinhata da Seixa desde o Outono de 1961 ao Outono de 1975. Saiu triste, deixou-nos tristes, mas obediente ao pedido do seu Bispo. O Padre Bastos viveu com os macinhatenses um longo, profícuo e rico período de 14 anos.(...) Longe dos discursos, preferia a linguagem dos simples. As suas palavras, a crentes e não crentes, aos virtuosos, aos falsos virtuosos, aos pecadores, aos poderosos e aos humildes, não lhe saiam da boca, soltavam-se-lhe do coração. E sempre com um sorriso aberto. (...) Fez teatro, compôs o hino de Macinhata da Seixa, foi apaixonado servidor do Grupo Musical Macinhatense, taxista em situações de emergência. (...) Uma das tristezas que mais apoquentou o Padre Bastos no momento da indesejada despedida foi a impossibilidade de concretizar o sonho da Casa da Criança, génese do nosso Centro Paroquial e Social, que viria a concretizar-se pela vontade inquebrantável do também saudoso Padre Reis. Mas não esqueçamos nunca este seu sonho. Eu queria celebrar o desprendimento do Padre Bastos pelos bens materiais, ele que sempre com muito pouco se contentou. Modesto foi na vida, modesto quiseram que fosse na morte, impedida a legião infindável de amigos e admiradores de lhe prestar a justa consagração”
António Magalhães, antigo diretor do Correio de Azeméis

“O meu pai sempre me falou muito bem do Padre Bastos, e depois o Diaconado aproximou-nos. Mas o que nos aproximou mais, de facto, para além do aspeto espiritual e religioso, foi o aspeto de que, [era uma pessoa] autêntica, verdadeira, pura. Isso é muito difícil de alcançar. (...) Era um homem terno, doce, meigo, mas era um homem com uma força tremenda, com um dinamismo e com uma energia fantástica. E isso é algo que a gente nunca pode esquecer. (...) Era um homem espantado pela beleza da vida. (...) Nós podemos dar coisas, mas ele dava-se e isso é extraordinário. Ele conseguiu conciliar coisas que são muito difíceis de conciliar, que é a cultura, o aspeto religioso, a sensibilidade, a poesia, a história. Mas tudo isto é possível porque, de facto, ele tinha um conjunto de características que, de facto, o faziam único”
Djalma Marques, diácono

“Sexta-feira era o dia de visitar os doentes. Eu comecei também a ajudá-lo nesse sentido, a visitar os doentes, e a falar com eles, e ele sabia o nome das pessoas, sabia como é que estavam (...) Com os pobres, é preciso alguém que dê o clique, que ande para a frente e depois que agarre, não é agarrar durante 15 dias. Os jovens hoje se pedirmos para um trabalho de fim de semana, eles trabalham, mas se é para todo o ano, já não querem. (...) Uma das coisas que eu aprendi com ele foi a tomar café. O Padre Bastos aproveitava sempre os cafés para conhecer as pessoas, estar com elas. O café para ele era um local de trabalho, para conhecer as pessoas, falar com elas e ler o jornal”
Padre Benjamin Silva

“O Padre Bastos estava sempre disponível para nos ouvir e aconselhar, nas aulas e fora delas. A relação, no meu caso, e certamente centenas poderão dizer o mesmo, foi uma relação que perdurou pelos tempos fora. Na escola, foi criado o Jornal da Escola. Os alunos eram incentivados a colaborar. E o Padre Bastos era um dos grandes incentivadores a pedir colaboração dos alunos para esse jornal. Para nós, alunos, o Padre Bastos era o rosto do jornal.”
Carlos Cunha, diretor da Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto

“Ele foi um companheiro. Batizou-me os meus dois filhos mais velhos, casou-me. Quando foi para Ovar foi um choque grande. Duas personalidades completamente diferentes, Padre Reis e Padre Bastos, duas pessoas distintas, como somos todos diferentes uns dos outros. Mas foi aquela saudade, aquela falta que ficou nas famílias, especialmente nos mais humildes. O povo [de Macinhata da Seixa] ficou com muita saudade. Eu tive a oportunidade de ir à primeira missa a Ovar e recordo-me perfeitamente desse dia. Ele teve uma influência extraordinária na nossa vida”
Joaquim Ferreira, presidente do Grupo Musical Macinhatense

 

 

Hino de Macinhata da Seixa 
O Padre Bastos, além de todas as paixões, atividades e obras que fez ao longo da sua vida, foi também o criador do Hino de Macinhata da Seixa, tendo composto a melodia e escrito a letra do hino. 

Ó linda terra de Macinhata da Seixa,
Doce cantinho que nos deram nossos pais.
Por seres pequena é que talvez o céu nos deixe
Querer-te muito e amar-te sempre mais.

Refrão:
Ó Macinhata tão antiga e senhoril,
Como és bonita no mês de abril.
Todas de branco, tuas cerejeiras,
São as mensageiras do teu ar gentil.

Desde Silvares até ao Seixo tão altivo,
És como um trono levantado ao Senhor.
A tua igreja é um testemunho sempre vivo
Do nosso lema: todos na paz e no amor.

 

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