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Correio de Azeméis

6 Nov 2025

Padre Manuel Pires Bastos: A Eternidade de um Homem que Foi Muito Mais do que Pároco

Opinião

> Manuel Terra

Nasceu a 7 de maio de 1935 e partiu a 8 de novembro de 2020, vencido pela pandemia de COVID-19 que roubou ao país tantas vidas queridas. Mas a morte não apaga nem diminui os que deixam verdadeiras pegadas — e o Padre Manuel Pires Bastos foi, indiscutivelmente, um desses homens maiores.
Reduzir a sua existência ao exercício sacerdotal seria cometer injustiça com a história e com a memória. Foi pároco, sim, e um pastor que nunca deixou de se fazer próximo das suas comunidades, mas foi também historiador da memória local, jornalista rigoroso, diretor do jornal João Semana, chefe de redação do Correio de Azeméis, músico, compositor, poeta, Professor, encenador e autor de vários livros. Um homem do espírito e da palavra, da fé e da cultura, profundamente enraizado na vida real das pessoas e das instituições.
Num tempo em que tantos se limitam a ser apenas aquilo que o seu título lhes exige, o Padre Manuel Pires Bastos recusou ser apenas uma função. Escolheu ser presença. Escolheu servir. Escolheu construir. Recolheu memórias, narrou vidas, registou património, valorizou tradições, promoveu cultura e assinou partituras que ainda hoje ecoam onde a fé e a arte se cruzam. A Igreja nele encontrava voz, mas a comunidade encontrava coração.
Como jornalista, elevou o debate local, deu dignidade às causas da região e fez da informação instrumento de cidadania. Como historiador, guardou o que tantos deixariam apagar. Como artista, mostrou que a fé também se canta, se escreve e se eterniza em notas e versos. Como sacerdote, ensinou que espiritualidade e humanidade caminham juntas — e que o Evangelho se vive tanto nas celebrações como no trabalho diário, silencioso, persistente.
A sua morte no contexto da pandemia teve a sobriedade das partidas dos grandes: sem multidões, sem abraços, mas com um rasto de reconhecimento que nenhuma distância pode apagar. Hoje, mais do que lamentar a perda, cabe-nos celebrar o legado. O Padre Bastos não vive apenas na memória de quem o conheceu — vive nas páginas que escreveu, nas melodias que compôs, nas vidas que tocou e no património cultural que preservou.  Recordá-lo é afirmar que a grandeza se mede pela capacidade de servir, de criar e de amar a comunidade que se escolhe e que se abraça. Foi sacerdote, sim — mas também poeta da história local, maestro da palavra e guardião da identidade de um povo. Um homem inteiro, de vocações múltiplas e de entrega sem condições.
A sua vida não foi apenas vivida. Foi oferecida. Por isso celebremos a sua vida e vamos dar alma á sua celebre frase “Não chorem a minha morte, celebrem a minha vida”.

Loureiro 02/11/2025.


Manuel Terra, Colaborador

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