Para pensar no pós-férias

Helena Terra

Bem sei que alguns já estão em silly season e, os que ainda não estão, preparam-se para isso. Não é tempo para ocupar a mente a pensar em coisas sérias, ou problemas bicudos que não se resolvem com uma raiz quadrada, nem para os quais se encontra solução numa mesa-redonda; todavia, quando voltarmos a reativar as nossas mentes, há um conjunto vasto de aspetos em que, me parece, temos todos que pensar.


Um dos aspetos tem que ver com o sistema político partidário do nosso país que merece uma reflexão séria a bem da qualidade e subsistência da nossa democracia. Houve tempo em que nos queixamos da bipolarização do nosso espectro político. Hoje deixamos de ter bipolarização e passamos a ser confrontados com fenómenos mais estranhos, sobretudo depois das últimas eleições autárquicas e legislativas. O PS ganhou eleições com maioria absoluta, ganhando em todos os distritos do país. Tem uma larga maioria na associação de municípios portugueses e, as últimas legislativas, extinguiram do parlamento o segundo partido mais votado da direita portuguesa, o CDS/PP.  O PSD perdeu uma parte do seu eleitorado para o CHEGA, outra para o PS, outra para a IL, não conquistou o eleitorado perdido do CDS fixando o seu score eleitoral nuns magros 27,67 %. Luís Montenegro está em funções como líder do PSD aclamado no congresso de 1-3 de julho e, depois de muita insistência dos media, falou de uma solução requentada para o novo, mantendo o velho, aeroporto e, este fim de semana, veio cavalgar a onda dos incêndios “atacando o governo por ter falhado a reforma florestal e criticou António Costa por não ter dado seguimento à compra de mais 2 aviões de combate a incêndios”. Apenas vozearia!
O PSD demonstra hoje pela leitura dos resultados eleitorais ser um partido ruralizado e que se refugiu no interior do país, sobrevivendo a norte. Não estamos a falar de um partido de região, como acontece com alguns na nossa vizinha Espanha. Também não estamos a falar de um partido regionalista que, o seu líder deixou claro no último congresso, que não é. Estamos a falar de um partido que tudo tem feito para se aproximar daqueles que são o suporte eleitoral da maioria do PS, sendo que, por tradição, entre um e outro, este eleitorado tem revelado preferir o PS.
Os principais partidos do nosso sistema político, vivem, ou sobrevivem, com falta de quadros. Vão-se mantendo e cultivando pequenas fatias de poder de carreiristas que fazem Curriculum (ou cadastro!) desde cedo, sem opinião própria e com a mente (os que têm) hipotecada e onde até o facto de as ministras do atual governo terem recrutado para suas motoristas, também mulheres ainda é notícia e faz primeira página de um dos jornais diários da imprensa nacional, ainda tida como séria, em pleno ano de 2022!
A propósito dos incêndios que acabaram com a guerra da Rússia com a Ucrânia, já que esta tinha acabado com o monkeypox que, por sua vez acabou com a pandemia e o covid 19… há uma reflexão muito profunda que é necessário fazer, preferencialmente na “época baixa” para levar a cabo em vários anos, para mitigar a “época alta”. Antes de pensar em reflorestar é necessário gerir e administrar o território, mormente em meio rural, com meios adequados para o efeito, mais ou menos uma revolução a este propósito, sobre a qual, prometo escrever aqui, num futuro próximo.  
* Advogada
 

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