4 Apr 2023
Constantino Tavares *
Economicamente vivemos tempos difíceis. Ouvimos por um lado lucros recordes das empresas de distribuição e retalho, bancos, telecomunicações e energia. Tivemos uma conferência de imprensa para apresentar contas 2021 do Grupo Jerónimo Martins, ‘Pingo Doce’, no mínimo surrealista. Apresenta lucros de 590 milhões de euros.
Depois dizem que quem mais lucrou foi o estado com impostos e surto inflacionista. Disse ainda que estava em Portugal porque gosta dos portugueses. Mas sabemos que parte dos seus impostos são pagos na Holanda. Imaginem se não gostasse. Temos tolerância em excesso para com este tipo de organizações. Fazem de nós muito pouco esclarecidos, incapazes de entendermos coisas muito básicas. É tempo de não tolerarmos mais estas situações. Há um poder que todos temos de escolher onde gastar o nosso dinheiro, assim provaremos que somos mais esclarecidos. Muito mais do que eles pensam de nós. Na próxima pensarão duas vezes.
O nosso salário mínimo é de 760 euros. O salário médio de um português por conta de outrém é de 1080 euros. Vivermos com estes valores torna-se tarefa quase impossível. Quanto têm subido os salários acima do ordenado mínimo? Os valores estão-se a nivelar por baixo e não para cima, como devia ser. O nosso governo está há sete anos no poder. Deveria fazer muito mais por nós. Quando se fala em concertação social, poucos serão nos privados atingidos, pela dita concertação... Falta um estado regulador que faça cumprir as regras, e nos deixe a sensação de um estado justo e não uma sociedade e um estado que não sabe distribui rendimentos.
De uma forma justa e equilibrada. Torna-se a curto e a longo prazo num cadilho de problemas sociais. Os problemas não são só de hoje, mas quem nos governa no momento já poderia e deveria ter apresentado as soluções para diminuir, e não acentuar diferenças.
* presidente da CPC do CDS-PP