9 May 2023
Constantino Tavares*
A crise das nossas instituições. O que aconteceu no dia 25 de abril no nosso parlamento, casa mãe da nossa democracia, nunca podia ter acontecido. 12 deputados de um partido e seu chefe portaram-se, como uma claque de um clube num estádio do futebol.
Ninguém se pode rever neste tipo de comportamentos, eles não se representam só a eles mas sim a todos nós.
Não está em causa o motivo, mas sim a forma. Tem que haver respeito pelas instituições e por quem nós recebemos. Passado pouco tempo, na mesma casa, assistimos a conversas entre o presidente da Assembleia da República e o Presidente da República, primeiro-ministro e outros, com a ligeireza que todos vimos, pareciam que estavam numa “tasca” a falar do estado do nosso futebol. Por essas e outras os nossos concidadãos não se reveêm na política, nem nos políticos. Neste últimos dias, vários acontecimentos vêm provar o estado das instituições. Ministro das Infraestruturas, série de acontecimentos sobre a TAP na comissão de inquérito, o caso do adjunto do ministro: casos que parecem ser resolvidos como num “recreio” onde o mais forte diz que o brinquedo é meu e o resto está tudo errado.
No seguimento destes acontecimentos, uns dias depois o nosso primeiro-ministro fala ao país, qual “pai político” e diz, ao contrário de todos, o meu “filho” é que está certo, como “pai” acredito em tudo que disse ou fez, nada fez de errado. Parece aquele pai confiante no dia do juramento de bandeira do filho, que diz para todos, o único a marchar certo é o meu filho.
Na declaração ao país do Sr. Presidente da República, depois do primeiro-ministro ter dito o que disse, desautorizando tudo e todos, não devia haver outra solução que não a dissolução do Parlamento. A justificação para não a tomar foi a estabilidade e falta de alternativas. Sobre a estabilidade, está já não existe. Há um afrontamento, público e político, entre primeiro-ministro e Presidente da República. Estabilidade podre, como a democracia. Hoje, qualquer alternativa só pode ser melhor do que a que existe. Por último, não façam de nós cegos, surdos e mudos. Até a nossa paciência tem limites.
* presidente da comissão política Concelhia do CDS-PP